Roma – A Itália decide hoje se muda de 1.º de setembro para 1.º de outubro o início da temporada de 2002-03. A alteração do calendário será discutida em assembléia extraordinária da Liga, que reúne os times das três divisões profissionais, e é conseqüência de crise econômica. A proposta de adiamento é defendida por oito clubes da Série A e três da B, descontentes por ainda não terem acordo com emissoras de televisão.
A ameaça não é recente e se arrasta há quase dois meses. O bloco dos ‘pequenos’ se mostra indignado com a postura da Stream e da Tele Piú, as redes de tevê a cabo que detêm os direitos de transmissão dos torneios. Ambas ofereceram US$ 4 milhões para cada equipe, contra os US$ 10 milhões pedidos inicialmente.
“Como vamos pagar nossos jogadores?”, questiona Ivan Ruggeri, presidente da Atalanta e um dos líderes do movimento. “Pagaremos com o vento?”, ironiza, ao mesmo tempo em que provoca os ‘grandes’, que já estão com contratos assinados. “Os mais poderosos estão com a barriga cheia, têm acordos milionários e todas as garantias”, enumera. “Não temos nada disso e também não nos interessa colocar em campo times que vão ser goleados a cada fim de semana.”
Os rebeldes da Série A são Atalanta, Brescia, Chievo, Como, Empoli, Modena, Perugia e Piacenza, que contam com o apoio de Venezia, Verona e Vicenza, agora na Segunda Divisão, mas que têm tradição. Todos estão revoltados porque as tevês destinaram US$ 230 milhões para serem repartidos entre os 11 ‘melhores’ times da Série A e lhes reservaram apenas migalhas. Por isso, fizeram a proposta de atrasar em um mês o início da competição. Com isso, esperam ganhar tempo para pôr no ar sua rede alternativa, a Plus Media Trading.
Para complicar, a emissora estatal RAI afirma que não pretende pagar mais do que US$ 50 milhões para mostrar melhores momentos das Séries A e B, além da Copa Itália e teipes das partidas. O valor é bem inferior aos US$ 88 milhões do ano passado e tem o aval de Maurizio Gasparri, ministro das Comunicações. “Os times precisam entender que a televisão não pode mais pagar preços absurdos”, pondera. “Não tem sentido pagarmos a Ferrari de Totti ou as férias de Ronaldo.”