Já tinha ficado claro que a não realização do Atletiba no domingo (19) era uma derrota para o futebol paranaense. Nesta segunda-feira (20) ficou evidente que outro perdedor aparecia com força. O presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, terminou o dia do jogo ameaçando Atlético e Coritiba, mas teve que passar o dia dando explicações. Acabou remarcando o clássico para o dia 1º de março, Quarta-Feira de Cinzas, única data aberta no calendário antes do final da primeira fase do Campeonato Paranaense. Mas faltou combinar com os clubes.
Pelo que vinha dizendo nas entrevistas, de tom sempre agressivo contra os dirigentes da dupla Atletiba, segunda seria o dia de Hélio Cury partir para o ataque. Com a publicação da súmula do árbitro Paulo Roberto Alves Júnior, ele esperaria a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva e certamente completaria sua resposta aos presidentes Rogério Portugal Bacellar (do Coritiba) e Mário Celso Petraglia (do conselho deliberativo do Atlético), que foram os artífices de uma candidatura de oposição na última eleição da FPF.
Seria possível isso pela súmula. No texto, Paulo Roberto Alves Júnior cita diversos cartolas da dupla Atletiba, mais diretamente o presidente do Furacão, Luiz Sallim Emed, o vice do Coxa, José Fernando Macedo, e principalmente o diretor de marketing do Atlético, Mauro Holzmann. Até o técnico Paulo Autuori é citado como um dos que tentaram impedir que os profissionais da transmissão via internet que não estavam credenciados saíssem do campo – o motivo, segundo a FPF, pela não realização do clássico. O TJD ainda pode denunciar clubes, dirigentes, treinadores e a própria Federação.
E o vídeo da transmissão, realizada por jornalistas do canal Esporte Interativo, mostra o quarto árbitro Rafael Traci dizendo outra coisa para José Fernando Macedo. “Vem do próprio presidente Hélio Cury (a ordem de não iniciar o jogo). O pessoal não pode transmitir porque não é a detentora do campeonato”. Como o Grupo Globo, que detém os direitos do Paranaense, não se opôs a cobertura dos clubes via internet, a FPF ficou isolada contra a dupla Atletiba – mesmo com manifestações de apoio de clubes do interior. E sofreu um bombardeio nacional.
O recuo foi gradual, evitando dar entrevistas durante a manhã de segunda-feira. Mas foi surpreendente durante a tarde, quando surgiu no site da FPF uma alteração. Ela confirmava o Atletiba para a Quarta-Feira de Cinzas, às 20h, na Arena da Baixada. A solução é a mais lógica, porque é uma data em que os dois times não tem jogos agendados. E se o Furacão seguir na Libertadores e o Coxa na Copa do Brasil, o calendário ficará completamente apertado, sem datas para que a partida aconteça.
Não combinou
Só que a partida foi marcada arbitrariamente. E os clubes não gostaram. Em entrevista à rádio Banda B, o presidente do Coritiba, Rogério Portugal Bacellar, não gostou do Atletiba no final do feriado de Carnaval. “Falei para procurarmos o Atlético para encontrar outra data. Uma data que seja conveniente para as duas torcidas. Muita gente na quarta-feira estará viajando”, disse. O presidente do Atlético confirmou a união. “Se o Coritiba não aceita, nós vamos estar juntos nessa”, afirmou Luiz Sallim Emed.
Mais uma vez acuado, Hélio Cury admitiu mudar a data do Atletiba de novo. “Se os dois clubes quiserem outra data que não atrapalhe o calendário, a Federação não tem problema em alterar”, comentou o presidente da FPF. Nos bastidores, Atlético e Coritiba comemoram. Falam até em “último ato” do cartola. Pode até não ser, mas que Cury saiu enfraquecido e derrotado da crise do clássico, não há dúvidas.