Eles não conquistaram a Copa do Mundo, mas quebraram um paradigma do futebol e da personalidade brasileira. Afinal, a regra de que por aqui só os campeões são recordados e reverenciados não vale para os craques da geração que encantou o país nos anos 1970 e 80.

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Na última semana, três deles tiveram, em Curitiba, mais uma prova de que seu prestígio continua inabalável. 26 anos depois de Paolo Rossi cruzar nosso caminho na tragédia do Sarriá, na Copa de 1982, na Espanha, e depois ser campeã, dezenas de pessoas lotaram o bar Freguesia para relembrar as jogadas e ouvir as histórias de Reinaldo, Éder e Serginho.

A derrota do esquadrão comandado por Telê Santana diante da Itália, por 3 a 2, é um momento emblemático do esporte mundial. “Foi um absurdo nossa seleção não ganhar. Se tivesse vencido, não teria mudado o futebol. Mudou porque os europeus venceram, com aquele futebol-força, rústico. Aquele jogo foi um aborto da natureza”, lamenta Éder, ponta-esquerda da seleção na Espanha.

Mas qual é o segredo para aquela geração, que simbolizou a derrota do futebol-arte para o pragmatismo, continuar tão popular? “O futebol tem uma carga de emoção muito grande e isso fica no imaginário do povo. É um saudosismo saudável… Jogávamos pra frente, não só na seleção. Todo o futebol brasileiro era assim”, aposta Reinaldo.

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Já o atacante Serginho Chulapa não era nenhum exemplo de classe ou toque de bola refinado. E para ele, não era apenas a qualidade de Sócrates, Zico, Falcão e companhia que fazia a camisa amarela enfeitiçar as multidões. “Era também uma questão de mentalidade, filosofia de jogo. O Brasil ficou um pouco mais covarde após aquela derrota de 1982”, diz.

Futuro

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Ao invés de ficar apenas remoendo a saudade, é possível fazer alguma coisa para resgatar a magia do nosso futebol? “Acho que o Brasil pode dominar o mundo inteiro. Exportamos mais de mil atletas por ano. Mas para isso precisa de uma política para o esporte, que não existe. Quantos garotos bons são jogados fora e estão aí na esquina?”, questiona Reinaldo.

Porém, mesmo no contexto atual, dá para ser um pouco mais feliz, não é, Rei? “Já que o negócio é só manufaturar jogador e vender, deve-se fazer um jogo mais irresponsável. O que não dá é importar esse futebol que nós estamos praticando. Se a gente resgatar a escola brasileira mesmo, num jogo mais descompromissado…” Sonhar, afinal, não custa nada.