Quando tinha 18 anos, Danielle Cristina de Melo Viana saiu de Matinhos, no litoral do Paraná, em busca do sonho de jogar futebol profissionalmente. Dani Beck, como é conhecida, veio para Curitiba carregando na bagagem a paixão pelo esporte e a vontade de mostrar ao mundo o que pode fazer com a bola rolando. Craque, a atacante, que hoje, aos 33 anos, faz parte da Seleção Brasileira de Fut7, jogo praticado em grama sintética, também denominado de Futebol Society. Aqui na capital paranaense, a jogadora passou pelos times Jaborá, Novo Mundo, Equipe forte e, atualmente, defende as cores do Barcelona. Todas equipes amadoras.
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Os números impressionam: são 23 títulos na carreira e 45 troféus de artilheira. “Meu técnico sugeriu fazer uma enquete, se existia no Paraná ou no Brasil alguém com mais troféus que eu”, contou.
Dani Beck realizou, em partes, seu sonho. Hoje representa o Brasil em torneios internacionais e leva sua “alegria nos pés” para o mundo. Porém, ela não pode se dar ‘ao luxo’ de respirar o esporte 24 horas por dia.
“Futebol infelizmente é o meu hobby. Trabalho horário comercial como vendedora. É bem difícil! Consigo conciliar porque treino à noite e jogo somente aos finais de semana. Mas é bem corrido e cansativo”, contou a atleta, que lamenta a falta de incentivo às mulheres seguirem na carreira.
“A situação que é mais difícil pra mim é a falta de apoio ao futebol feminino. Falta de patrocínio, falta de dinheiro para o esporte. Não temos visibilidade, assim os patrocinadores não têm interesse em colocar a sua marca no futebol feminino. É uma triste realidade”, avaliou Beck, que já teve que contar com ajuda de empresários para poder competir.
“As inscrições para os torneios são caras, além de termos também que bancar o valor da arbitragem. Geralmente montamos um portfólio com as várias conquistas do clube, com as competições que queremos participar e vamos às empresas apresentar. Graças a Deus sempre tem pessoas que nos ajudam”, destacou a artilheira, que prefere ver os aspectos positivos de sua carreira.
“Uma coisa que acontece sempre e que me motiva muitos são quando as crianças vêm falar comigo! Toda vez que eu jogo elas pedem para tirar foto, pedem autógrafo e sempre falando que quando crescerem vão querer jogar igual a mim!”, contou Dani, que, justamente pequena, aos 8 anos, percebeu seu dom para o esporte. Quando jogava bola entre os meninos e se destacava e deixava os pais preocupados.
“Meus pais no começo não gostavam muito, porque eu estava sempre no meio dos meninos, mas agora eles morrem de orgulho”, disse a vendedora, que garante que a intensidade dos jogos pesados nas competições, não anula o lado feminino das atletas.
“O futebol feminino tem os dois lados, o jogo duro, truncado, mas a gente não perde a feminilidade. Eu, por exemplo, tenho um hobby, que é tocar saxofone. São as minhas duas paixões, mesmo sendo tão distintas uma coisa da outra”, revelou.
A atleta vai colocar em seu currículo mais uma importante experiência na carreira. Em abril, ela vai representar o país na Copa América de Fut7 no Peru e está muito feliz com a oportunidade.
“Pra mim futebol é tudo! Eu vim de Matinhos pra estudar e jogar bola e fiz minha vida aqui. E agora vejo o meu sonho de infância se tornando realidade! Jogar na seleção brasileira e honrar o meu país! Um dia ainda espero jogar profissionalmente, receber salário e viver do futebol”, finalizou.