Depois de 15 anos, o Congresso voltará a investigar o envolvimento da CBF em esquema de corrupção em meio a uma onda de denúncias e prisões de dirigentes da Fifa. A CPI do futebol pode ser instalada no Senado já nesta semana.
Na Câmara, um requerimento foi protocolado, mas terá de aguardar em uma fila onde já há outros dez pedidos de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito. Paralelamente, deputados coletam assinaturas para a criação de uma comissão mista, envolvendo as duas Casas.
Diferentemente do que ocorreu em 2000 e 2001, parlamentares acreditam que agora o cenário é mais favorável a uma investigação mais aprofundada, apesar da atuação de alguns deputados e senadores da chamada “bancada da bola”, composta por dirigentes de clubes e outros políticos que, de alguma maneira, são ligados ao futebol.
No Senado, a CPI foi articulada pelo ex-jogador Romário (PSB-RJ), que agora se movimenta para assumir a relatoria da comissão. “A moralização do futebol é o meu maior objetivo. Se, para isso, algumas pessoas tiverem que ser presas ou tiverem que pagar pelos crimes que cometeram, assim será”, disse Romário à reportagem.
O foco de Romário é a CBF, presidida por Marco Polo Del Nero, sucessor de José Maria Marin, e de Ricardo Teixeira, presidente da CBF de 1989 a 2012. “Não tenho uma coisa pessoal, de perseguição. Eu vou atrás do que não é correto, do que é corrupto, e ele (Del Nero) faz parte deste grupo de corrupção do futebol. Então, com certeza, ele, Ricardo Teixeira ou Marin, que hoje está preso, graças a Deus, e que continue lá para sempre, também será objeto desta CPI”, afirmou Romário.
O senador diz esperar resistência para convocar “determinados nomes” e diz que pode investigar também a relação do governo com a CBF. “O nome é CPI do futebol. O que estiver ligado ao futebol direta ou indiretamente vai ser investigado”, afirmou Romário.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defende a CPI mista, para que não haja competição entre as comissões das duas Casas. No Senado, há quem resista à CPI mista por temer intervenção de Cunha e da bancada da bola, mais forte na Câmara.