Não houve reza, figa ou mesmo superstição que resistisse. A derrota no Atletiba complicou de vez a situação do Coritiba no campeonato brasileiro, e agora a equipe terá que atingir um rendimento que só teve quando foi líder da competição se quiser se classificar entre os oito primeiros. Mas não será fácil – a série de jogos decisivos inicia na quarta, contra o Cruzeiro.
Sem conseguir vitórias há seis jogos, o Cori precisa agora de no mínimo doze pontos nos próximos seis jogos que restam – depois dos mineiros, Internacional, Atlético-MG, Paraná, Figueirense e Gama. Conseguindo isso, o aproveitamento seria de 66,7%, justamente o que a equipe alcançou quando assumiu a liderança do Brasileiro. Depois, o rendimento coxa foi de ínfimos 5,6%, e a queda para a décima-segunda posição.
Bastante abatido, o técnico Paulo Bonamigo lamentou mais uma vez a situação do clássico. “Nós iniciamos muito bem a partida, mas falhamos e sofremos o gol. Daí o time sentiu e nós tivemos muitos problemas no primeiro tempo”, avaliou. No segundo tempo, o treinador tentou com Jabá, mas o ataque seguiu ineficiente. “As tentativas foram feitas, mas às vezes o resultado não aparece”, completou.
Para o zagueiro Pícoli, o lado adversário teve seus méritos. “O Abel colocou os dois alas bem avançados, e com isso o Atlético tinha sempre um jogador a mais no meio-campo. O gol surgiu daí, em uma jogada que nós conhecíamos”, contou. De fato: no treino tático de sexta, Bonamigo postou seus laterais mais à frente, já imaginando que o Rubro-negro pudesse tentar pressionar o Cori desde o início do jogo.
Pícoli também foi um dos protagonistas da partida, fazendo um duelo individual com Kléber. Como o atacante atleticano saía da área para receber, o zagueiro o seguia, abrindo espaços na defesa coxa. “Não vejo que foi uma falha. Jogando com três zagueiros, você pode usar dois deles em marcações individuais”, justificou Bonamigo. “Melhor isso do que ele dominar, partir para cima e marcar o gol”, resumiu o técnico.
A arbitragem de Francisco Carlos Vieira, apesar dos lances polêmicos, não foi colocada como preponderante para o resultado. “Só reclamamos da cotovelada do Alex no Danilo e da agressão do Dagoberto no Sérgio Manoel. No mais, o árbitro foi bem”, disse Pícoli. “Algumas coisas acontecem durante os clássicos que a gente não entende”, reclamou Lúcio Flávio.
Mas o Atletiba já passou – pelo menos é o que os alviverdes tentam pensar. “Não estamos mobilizados para um jogo, mas sim para conseguirmos a classificação”, garantiu o presidente Giovani Gionédis. “Agora é a hora de buscarmos todas as nossas forças, porque temos que provar porque estivemos entre os melhores. Já passou da hora de recuperarmos a nossa vaga entre os oito”, finalizou Pícoli.
Três reuniões. E Bonamigo fica
Foi por pouco. O técnico Paulo Bonamigo chegou a ficar na corda-bamba nas últimas horas, mas a diretoria do Coritiba está propensa a mantê-lo no comando da equipe. O Conselho Administrativo do clube ficou dividido, e até por isso preferiu não mexer no treinador. Duas reuniões aconteceram sábado e ontem uma terceira, a conversa final, acontecerá esta manhã.
A primeira reunião foi apenas dos dirigentes com Bonamigo, logo após o Atletiba. Havia irritação com algumas atitudes do treinador em relação à equipe, e que poderiam ter causado a derrota do Cori no clássico de sábado. Depois, na concentração, a cúpula coxa não conversou com o técnico, o que aumentou a tensão. Alguns nomes teriam sido inclusive sondados para substituir Bonamigo.
Ontem, a comissão técnica se reuniu para tentar entender o que está acontecendo com o Cori, que chegou à liderança do Brasileiro e agora ocupa a décima-segunda colocação. Segundo fontes ligadas à direção coxa, Bonamigo estaria pensando em alterações profundas na forma da equipe jogar, principalmente enquanto Reginaldo Nascimento não estiver em condições de jogo – não se sabe se ele poderá enfrentar o Cruzeiro, quarta, no Alto da Glória.
Essas notícias acalmaram os dirigentes, que esperam Bonamigo e seus auxiliares para a reunião decisiva, que está marcada para hoje. Mas é quase certo que não haverá mudança agora, principalmente porque o presidente Giovani Gionédis estaria ainda respaldando o treinador. Só que, agora, não haverá respaldo que resista à desclassificação da equipe do campeonato brasileiro.