O Coritiba está trabalhando para não passar de vítima a réu no caso dos ingressos clonados. Autor da denúncia que levou à prisão de cinco pessoas, em Curitiba e no Rio de Janeiro, o clube está fazendo de tudo para provar que não tinha qualquer envolvimento no esquema. Mas a utilização de uma sala dentro do Estádio Couto Pereira pode complicar a situação do Coxa.
As partes envolvidas nas investigações divergem em relação às possibilidades de o Coritiba sofrer alguma punição. Segundo o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, o Coritiba e a BWA, empresa que emite os ingressos para diversos clubes do país, não estão envolvidos no caso. Advogados ligados à área desportiva consultados pelo Paraná-Online também consideram ?precipitada qualquer tentativa de sanções ao Coritiba?.
Mas o Ministério Público já avisou que o Coxa pode ser punido, com base no Estatuto do Torcedor e no Código de Defesa do Consumidor, caso as investigações comprovem alguma falha do clube. O MP pode inclusive pedir o afastamento do presidente Jair Cirino. A BWA também poderia ser responsabilizada.
Ontem, Cirino prestou depoimento à polícia sobre o caso. Segundo o delegado Marcus Vinícius Michelotto, ele forneceu explicações gerais sobre o trabalho da empresa BWA dentro do clube. ?Ele só confirmou as informações que já tínhamos, que irão para o inquérito que remeteremos à Justiça nos próximos dias?, afirma Michelotto.
Walter Balsanelli, diretor da BWA, também prestou depoimento ontem. Até o início da noite, ele continuava na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas.
Michelotto rebate as críticas feitas por Balsanelli, que acusou a polícia de atrapalhar as investigações ao tornar público o esquema. ?Isso é uma grande besteira. Quem tinha de ser preso, foi preso?, garante o delegado, que criticou a ação da BWA. ?Seu sistema de segurança é falho. O representante dela no Coritiba, Jurimar César Domakoski, tinha um mandado de prisão por roubo e, mesmo assim, era contratado da empresa?, aponta.
Esquema
A polícia desmontou no último sábado um esquema de falsificação de ingressos para partidas do Brasileiro, da Libertadores e da seleção brasileira. Segundo a polícia, os ingressos falsificados eram revendidos a cambistas que faziam parte do esquema.
Parte da falsificação acontecia dentro do Couto Pereira, onde os ingressos eram validados para que pudessem passar nas catracas. O Coritiba garante que não sabia que suas dependências eram utilizadas pela quadrilha. A polícia ainda avalia as provas colhidas (ingressos em branco de diversos jogos, inclusive Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo), que serão encaminhadas para perícia no Instituto de Criminalística.