Prova de fogo. Para os mais antigos, a locução também lembra uma música da Wanderléa. Para o Coritiba, entretanto, a partida de hoje não tem nada a ver com a balada da Jovem Guarda. O jogo contra a Ponte Preta, às 18h10, no Moisés Lucarelli, é o teste definitivo de um grupo de jogadores que está sendo cobrado por todos os lados, e que em vários momentos não respondeu positivamente. É também o teste do técnico Cuca, que fugiu ao seu estilo contemporizador e partiu para alterações radicais na equipe – que são compreensíveis quando se percebe sua irritação nos últimos dias.
O treinador alviverde tinha tomado um posicionamento claro desde o início da má fase do Coritiba, na derrota para o Atlético. Ele sempre ficou ao lado dos jogadores, colocando-se à frente do grupo para que absorvesse as críticas e as diluísse, reduzindo a pressão. Mas, depois de sete partidas e apenas uma vitória, Cuca viu que seu trabalho passou a ser questionado, e que em campo alguns jogadores não estavam "resolvendo?. Daí uma mudança na atitude dele, agora mais objetiva.
Quando perguntado sobre as mudanças do time (ver matéria), Cuca não teve dúvidas em responder. "Não posso dar seqüência a um time que não está respondendo em campo. Eu não estou contente com o rendimento da equipe", afirmou o técnico alviverde. Há duas semanas, após empates e até mesmo derrotas, ele louvara o desempenho do time e reclamara da falta de sorte nas tentativas frustradas de finalizações.
Hoje, em Campinas, o Coritiba terá um técnico mais preocupado em ter uma participação efetiva dos seus comandados. "Eu não tenho o direito de ficar com os braços cruzados", alegou. "No momento em que acontecem as derrotas, é perfeitamente compreensível que o trabalho do treinador seja criticado. Mas eu não sinto no Coritiba algum problema de organização. Na minha opinião, não por eu ser o treinador, eu não acho que o problema seja técnico", comentou.
Cuca sabe que os jogadores têm o mesmo pensamento que ele. O Coxa sofre com a instabilidade e com as falhas – que fizeram o time levar cinco gols nos primeiros dez minutos das partidas. "Não podemos ficar dando estes gols para os adversários. Foram quatro ou cinco jogos em que nós saímos perdendo de 1×0. Temos que melhorar bastante neste aspecto, ter mais cuidado e evitar estas jogadas", argumentou Vizzotto.
As reclamações do goleiro mostram que a indignação do técnico não é solitária. O que Cuca espera é que a mobilização de fora de campo também passe para dentro de campo, e que finalmente apareça a "resposta" – afinal, o Coritiba está sem vencer há três rodadas neste campeonato brasileiro. "Chegou o momento da gente iniciar a nossa recuperação", finalizou.
Tentando consertar o ataque
As alterações programadas pelo técnico Cuca para a partida de hoje contra a Ponte Preta tentam fazer do Coritiba um time mais prático. Apesar de ser uma das equipes que mais cria oportunidades de gol no campeonato brasileiro, o time tem o sétimo pior ataque da competição, e contra o Corinthians sofreu com a falta de um finalizador. E como Renaldo ainda não pode jogar, Marcelo Peabiru assume a responsabilidade.
O centroavante enfim vai começar jogando uma partida pelo Coxa. Ele teve boa atuação contra o Goiás, e só não enfrentou o Botafogo porque se lesionou – uma contusão na coxa que o deixou quase um mês fora de combate. Agora, Peabiru ganha nova chance, e se render pode se tornar a "sombra" de Renaldo, que deve estrear na quarta, contra o Atlético-MG.
Ele é só uma das cinco novidades do Coritiba. Na defesa, o capitão Reginaldo Nascimento volta no lugar de Alexandre Luz e Ricardinho barra Rubens Júnior. No meio, Rodrigo Mancha ocupa a vaga aberta por Marquinhos e, no ataque, Caio (com problemas particulares) sai para a entrada de Marciano – ou para o retorno de Alexandre, que tinha sido sacado. Todas as modificações encaminham para um time mais objetivo. "Nós não podemos ficar tocando a bola, controlando a partida e não chutando no gol, ou quando chutar acabar errando. Está faltando objetividade para o time", comentou Cuca, que não acha que haja erro de posicionamento. "Todos estão atuando nas posições em que sabe jogar. Antes de escalar um atleta, eu converso para saber onde ele se sente melhor dentro de campo", resumiu.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Moisés Lucarelli
Horário: 18h10
Árbitro: Wagner Tardelli Azevedo (FIFA-RJ)
Assistentes: Hílton Moutinho Rodrigues (FIFA-RJ) e José Cláudio Paranhos (RJ)
PONTE PRETA X CORITIBA
Ponte Preta
Lauro; Rissut, Galeano, Rafael Santos e Iran; Ângelo, Éverton, Carlinhos, Danilo e Evando; Kahê. Técnico: Zetti
Coritiba
Vizzotto; Rafinha, Reginaldo Nascimento, Vágner e Ricardinho; Márcio Egídio, Rodrigo Mancha, Luís Carlos Capixaba e Jackson; Alexandre (Marciano) e Marcelo Peabiru.
Técnico: Cuca
