A cada jogo, o desafio aumenta e a responsabilidade também. Apesar de jogar fora de casa, o Coritiba precisa de um bom resultado hoje, contra o Botafogo, para manter-se entre os quatro melhores times do campeonato brasileiro e, em uma combinação de resultados, alcançar a vice-liderança. Só que o jogo das 16h tem outros desafios, a começar pelo local escolhido pelo Botafogo – Campos dos Goytacazes, a 280 km do Rio de Janeiro.
A delegação alviverde só chegou em Campos no final da tarde de ontem, depois de uma desgastante viagem de ônibus, única forma da delegação seguir para lá.
Enquanto ainda se preparava para deixar Belém, na manhã de quinta, a diretoria coxa corria atrás de hotel, ônibus e da remarcação das passagens de volta, que estavam marcadas para hoje à noite, situação impossível de acontecer agora. “Depois de deixarmos tudo arrumado, vem uma mudança dessas”, reclama o secretário Domingos Moro.
A transferência do jogo para Campos foi uma grande vitória da Federação Carioca e do Botafogo – por conseqüência, derrota de Cori, Federação Paranaense e até da TV, que exigira na tarde de quinta a volta da partida para o Maracanã. “Tem coisas que só podem ser respondidas no campo. Vamos jogar buscando a vitória seja no lugar que for”, promete o técnico Paulo Bonamigo, que avisou que – mesmo com os desfalques de Reginaldo Nascimento, Tcheco e Lima – manterá o estilo de jogo empregado contra o Paysandu.
Para isso, ele vai mexer nas peças necessárias sem alterar a característica da cada setor envolvido. “Não posso mudar aquilo que está dando certo”, admite Bonamigo. Tanto que ele preteriu Danilo na zaga e começa jogando com Willians no lugar do Reginaldo Nascimento. “Ele já cumpriu essa função no supercampeonato paranaense, e está acostumado a jogar por ali”, explica o treinador coxa.
A explicação é a mesma para as entradas de Pepo no meio-campo e Jabá (ver matéria) no ataque. “A intenção é manter ao máximo a forma da equipe jogar. As características de cada jogador são diferentes, mas são as que mais se aproximam dos atletas que estão fora”, justifica Bonamigo. Pepo será, na verdade, o primeiro volante, mas com a orientação de também ajudar o ataque – assim como Roberto Brum (que jogará um pouco mais à frente) faz. E Jabá tem a obrigação de se movimentar por todos os setores do ataque.
Com isso, Bonamigo pretende igualar a iniciativa ofensiva e mesmo comandar as ações do jogo. “Não podemos deixar o adversário impor o ritmo dele em campo. Sempre que permitimos isso tivemos problemas”, adverte o técnico, lembrando as partidas contra Santos e Goiás – já contra o Paysandu, o Cori teve o domínio do jogo e perdeu um sem-número de oportunidades.
E essa é outra preocupação do treinador. Mesmo sem muito tempo para treinar (realizou ontem apenas um trabalho no Vas-Barra, o centro de treinamentos do Vasco), Bonamigo quer eficiência nas finalizações. “Eles sabem que às vezes não terão tantas chances em uma partida. Estávamos melhorando nosso aproveitamento, mas tivemos de novo o problema contra o Paysandu. Mas tenho certeza que o elenco tem consciência do que precisa fazer para vencer o jogo”, afirma o técnico.
Jabá quer ter a famajogando desde o início
Tostão, Armando Nogueira, Flávio Prado, Milton Neves, Ruy Carlos Ostermann, Sérgio Noronha, Fernando Calazans. Esse é o `escrete’ de jornalistas – todos eles do primeiro time da imprensa nacional – que em algum momento dessas últimas semanas citaram o nome do pequenino Jabá. Com apenas duas passadas de pé na bola, o atacante coxa ganhou notoriedade e impulsionou sua carreira de uma forma incrível.
Nada mal para quem é reserva. E melhor ainda quando se consegue ser titular, como na partida de hoje, quando Jabá substitui o suspenso Lima. “Eu quero ser titular”, avisa o atacante, que finalmente ganha a chance de começar jogando. O xodó da torcida – e da imprensa – atuou em todas as partidas do Cori no campeonato brasileiro, mas se for somado o tempo em que atuou, não chega a completar 270 minutos (ou seja, três partidas completas).
Mas nem precisou jogar tanto tempo para virar `estrela’. Na verdade, precisou apenas daquele lance contra o Santos – e da intervenção de Leonardo Gaciba da Silva – para que Jabá conhecesse das benesses de ser famoso. Ele assistiu, impressionado, a sua singela `pedalada’ se tornar assunto de todas as emissoras de TV, das principais rádios e dos maiores jornais do país. “É legal saber que eles estão falando de mim”, confessa.
Mas Jabá sabe que a fama no Brasil pode ser efêmera – que o digam alguns astros de ocasião. Por isso, o melhor momento para ele começar a batalha pelo seu futuro – e pelo presente também – é hoje, em Campos dos Goytacazes. “Minha obrigação é realizar em campo aquilo que o Bonamigo pedir. Mas vou fazer de tudo para ajudar o Coritiba a buscar mais uma vitória”, promete Jabá.
