Coxa e Juventude pintam de verde a primavera do Brasileirão

Verdes, brancos, sulistas e líderes. Além de tudo isso, as duas melhores equipes do campeonato brasileiro até o momento têm mais semelhanças e talvez sejam elas que façam Juventude e Coritiba estarem no momento onde estão, ponteando a tabela. Jogadores, treinadores e características de jogo indicam os caminhos do sucesso dos times até agora: ambos com grandes chances de conseguir vaga entre os oito melhores da competição. É a primavera verde no futebol brasileiro.

O treinador do Juventude é Ricardo Gomes, que assumiu a equipe no final do ano passado, logo depois de ter passado pelo Coritiba. É verdade que ele não teve sucesso no Alto da Glória, mas hoje dirigentes e jogadores admitem que ele teve pouco tempo para implantar seu trabalho – além de lutar contra uma estrutura tática arraigada no elenco, tanto que até hoje é usada por Paulo Bonamigo.

Ele, por sinal, tem sangue gaúcho correndo nas veias. Bonamigo não jogou em Caxias do Sul, mas à época em que jogou no Grêmio pode ser considerada aquela que instituiu o moderno futebol da região, rápido, marcador e vitorioso. O técnico coxa conquistou todos os títulos que um jogador brasileiro pode conquistar em um clube: vários campeonatos gaúchos, o Brasileiro de 81, a Libertadores e o Mundial Interclubes em 83.

E eles – Ricardo e Bonamigo – são considerados pelos críticos os grandes responsáveis pelo momento de Juventude e Coritiba. Os dois tiveram um grande aliado na montagem dos times para a disputa do campeonato brasileiro: o tempo. Sem competições nacionais no período da Copa do Mundo, os dois treinadores usaram com qualidade os mais de sessenta dias de preparação para criar uma identidade tática que alguns times ainda não têm. “Isso foi fundamental, tanto para nós, quanto para eles”, confirma o volante coxa Roberto Brum.

As equipes não praticam um futebol vistoso, nem se preocupam com isso. A era é a do futebol eficiente, e Juve e Cori não dispensam a forte marcação na saída de bola adversária para uma rápida retomada de bola. Muito por isso, ambos os times estão entre os que mais desarmaram neste Brasileiro (o quesito é justamente liderado pelo Coritiba). E, conseqüentemente, a utilização dos contra-ataques é mais efetiva. “Acho que o Juventude tem uma marcação mais eficiente que a nossa”, considera Paulo Bonamigo.

E as diferenças básicas entre o estilo de jogo dos times são apoiadas nos números. Enquanto o Coritiba aposta mais no ataque (é um dos melhores da competição), o Juventude privilegia a defesa, que levou apenas seis gols até agora. “O Coritiba tem mais qualidade e aproveita a reserva técnica que tem. Nós temos valores técnicos, enquanto o Juventude é mais focado no conjunto”, explica Bonamigo. Com tantas semelhanças (e algumas diferenças), a resposta para a pergunta infalível – quem é melhor? – só será conhecida no dia 20 de outubro. “Vai ser um jogo bastante interessante”, garante o zagueiro Edinho Baiano.

Cristian Toledo

Mescla nos elencos faz o segredo dos 2 times

Edinho Baiano e Valdo; Pícoli e Edmílson; Fernando e Roberto Brum; Michel e Lima. Os jogadores acima representam características fundamentais dos elencos de Coritiba e Juventude, que hoje comandam a tabela do campeonato brasileiro. A união entre jovens e veteranos, a boa fase de marcadores e a junção de velocidade e técnica dos atacantes são fatores decisivos para o bom momento das duas equipes.

Ricardo Gomes queria um veterano em seu time. Não tinha, e encontrou o jogador ideal para dar a cadência e a tranqüilidade ao seu jovem time – Valdo, 38 anos, que jogou no Benfica ao lado do hoje treinador do Juventude. No Cori, a experiência de Edinho Baiano dá à defesa a segurança que ela não tinha no primeiro semestre. “Eu percebi no início da minha carreira que os times que tinham atletas experientes tinham vantagem. E isso está se comprovando agora”, diz o capitão alviverde.

O atacante gaúcho Michel é dois anos mais jovem que Lima, mas ambos abusam da juventude para vencer os zagueiros adversários. Eles são rápidos (é só comparar as arrancadas de Michel contra o Botafogo e as de Lima frente ao Santos), mas não abandonam a técnica refinada, que faz dos dois os principais atacantes de Coritiba e Juventude.

Os cães de guarda dos líderes do Brasileiro passaram pelos chamados ‘grandes’, mas encontraram porto seguro no sul do país. Fernando está na sua segunda passagem pelo Juventude – bem mais espaçadas que a de Roberto Brum, que teve um intervalo no Fluminense dentro da sua primeira temporada no Alto da Glória. “Quem faz um trabalho sério consegue colher os resultados. É isso que faz a diferença no Juventude. E aqui mais ainda, porque o Coritiba se programou para ser campeão brasileiro”, afirma o ‘senador’.

Mas quem mais pode falar do Juventude é o zagueiro Pícoli, que formou-se nas categorias de base do time gaúcho. Depois de muito tempo em Caxias, ele mudou-se para Curitiba, fazendo o caminho inverso do atacante Edmílson, que passou pelo Alto da Glória ano passado e agora é titular do líder do campeonato. “Nos últimos anos, o Juventude sempre esteve com os pés no chão, sabendo dos seus limites. E eu percebo que o Coritiba agora está pensando da mesma forma. Se conseguirmos manter essa filosofia, vamos recuperar o clube por completo”, garante o zagueiro alviverde. (CT)

Jabá pode ser titular

Os jogadores do Coritiba retomaram ontem as atividades com um treino técnico. Mas a estrela da tarde era o elogiado Bonamigo, que além de comemorar a boa fase da equipe tinha motivos mais profundos para festejar. Ele completou 42 anos vivendo talvez a melhor fase da carreira. E não haveria presente melhor que a vice-liderança do campeonato brasileiro.

E o clima favorável permitiu que o treinador recebesse o tradicional “Parabéns a Você” dos jogadores e que ele deixasse o assunto formação da equipe para hoje. Mas ele deixou dúvidas no ar sobre uma possível utilização de Jabá desde o início do jogo de quinta, contra a Portuguesa, no Alto da Glória. “Vamos ver como fica a situação do Jabá”, disse. Mas a tendência principal ainda aponta para o retorno de Lima, assim como o dos outros dois titulares, Tcheco e Reginaldo Nascimento.

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