Vem aí mais um Brasileirão. Tem início amanhã a 33.ª edição da mais importante competição futebolística do País. Agora com 24 clubes – dois a menos que em 2002 – o campeonato brasileiro traz uma grande novidade: a fórmula por pontos corridos. Pela primeira na história do campeonato, a equipe que somar mais pontos e mantiver a regularidade leva o título.

E a novidade já está dando o que falar. A fórmula por pontos corridos, numa competição em turno e returno que terá oito meses de duração, tem seus pontos positivos e negativos. Pelo lado bom, o que mais se destaca é a já citada justiça para o campeão. Além disso, o novo regulamento acaba com antigas fórmulas estapafúrdias e se apresenta de forma simples, o que permite um fácil entendimento por parte de torcedores, jogadores e dirigentes. O torcedor também terá prazer em ver sua equipe atuar em casa contra todos os demais concorrentes ao título, ou seja, vai ter jogo para todos os gostos, a exemplo do que ocorre há tempos nos países da Europa.

Já o lado negativo e o que mais assusta é a incerteza que a nova fórmula proporciona. Por se tratar de um campeonato-laboratório, tudo pode acontecer. Um dos problemas que mais preocupam é a hipótese de uma equipe disparar na tabela e não ter nenhum concorrente à altura. Isso acarretaria um total desinteresse por parte dos torcedores, o que diminuiria o público nos estádios, a audiência da TV e a queda da mídia especialiada em futebol. Isso sem falar nos próprios jogadores, que entrariam mais desmotivados em campo.

Uma das soluções para esse problema é a pré-definição por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) das vagas que o novo Brasileirão dará para as futuras competições sul-americanas. Até o momento é certo que os três primeiros terão seus lugares assegurados na Libertadores do ano que vem. Mas resta saber se os demais terão o estímulo para brigar por colocações que os garanta em alguma outra competição do continente, como por exemplo, a Copa Sul-Americana.

O novo campeonato também exigirá uma maior atenção por parte dos clubes, já que terão que montar um elenco maior para a disputa. Afinal, um campeonato tão longo certamente proporcionará um maior número de suspensões e lesões nos atletas. Com isso, a equipe deve ter peças de reposição do mesmo nível, para que sua regularidade na competição seja mantida.

Agora com o campeonato brasileiro devidamente apresentado, resta esperar para ver se a moda pega. Em mais de três décadas de brasileiros, nunca uma fórmula de disputa se repetiu. Em compensação, pela primeira vez na história da competição fará sentido a frase “que vença o melhor”.

Bom de bola

Ninguém imaginava que a invenção daria tão certo. Criado no início da década de 70, o campeonato brasileiro logo se transformou na principal competição de futebol do País. Mas a idéia da criação do novo campeonato foi meramente uma jogada política da época do regime militar. Após o sucesso da Copa do Mundo de 1970, no México, na qual o Brasil sagrou-se tricampeão mundial, a ditadura sentiu-se estimulada a usar ainda mais o futebol em sua propaganda política.

Com isso, o então presidente Emílio Garrastazu Médici, sob a defesa de que o esporte era a melhor forma de integrar o Brasil, se reuniu com o presidente da antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange, e sugeriu a criação de uma nova competição nacional.

O campeonato usou a estrutura do seu antecessor, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, mas pretendia usar os formatos utilizados nos principais países europeus. Assim, nasceu em 1971 o primeiro Brasileirão, com 20 clubes, e que teve o Atlético Mineiro como campeão. O melhor de tudo isso é que o regime militar acabou e o campeonato brasileiro continuou, cada ano com mais sucesso.

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