Corrida conturbada dá titulo da Stock a Max Wilson

Desde a quinta-feira, quando tiveram o primeiro encontro com os jornalistas, os quatro postulantes ao título do Campeonato Brasileiro de Stock Car admitiram que, se chovesse na corrida de domingo no Autódromo Internacional de Curitiba (AIC), a disputa pela taça ganharia contornos dramáticos.

Mas nem o campeão Max Wilson, nem seus rivais Cacá Bueno, Ricardo Maurício e Allam Khodair imaginavam que estariam na pista na prova mais insólita da história da categoria.

Isto porque eles não são paranaenses, não conhecem a imprevisibilidade do clima de Curitiba. Conversando com a reportagem de O Estado, Allam Khodair afirmou que tinha preocupação com o que poderia acontecer na prova.

“Da forma como vocês dizem que as coisas são aqui, a corrida vai ficar muito complicada”, disse, ainda na quinta. E ele foi o primeiro candidato ao título que ficou pelo caminho, quando a chuva apertou e ele foi abalroado por Thiago Camilo. “Isto acontece. Mas eu fico triste porque sei que tinha condições de vencer e ser campeão”, lamentou.

Max Wilson já vivia seu drama. O limpador de para-brisa não vencia a chuva e ele não enxergava nada à frente. Na conversa com os engenheiros, pelo rádio, ele chegou a falar em abandonar a prova.

Só que tudo era tão estranho – em determinado momento da corrida, chovia pouco na reta e caía o mundo na parte mista – que só havia uma opção, que era continuar na pista.

“Vai, leva o carro até o final”, pedia Rosinei Campos, o Meinha, chefe de equipe de Max. Após conquistar o título, Max desabafou. “Teve um momento que saí sozinho da pista, não sabia onde era pista e onde era grama. O vidro ficou muito embaçado e eu comecei a ficar muito preocupado, então passei a torcer para dar tudo certo e foi o que aconteceu”, disse.

A chuva que quase tirou o título de Max pôs, em alguns momentos, a taça no colo de Ricardo Maurício e Cacá Bueno. Mas os dois pensaram que a chuva leve das primeiras voltas seria a constante na corrida. Quando perceberam que a água não pararia de cair, já era tarde para lutar por melhores posições.

Quem conhecia as peculiaridades de Curitiba dava show na pista do AIC. Escolado, Alceu Feldmann foi o primeiro a trocar os pneus, e o resultado foi uma subida meteórica até a liderança.

Só não chegou ao pódio porque foi tocado por Nonô Figueiredo na antepenúltima volta. Thiago Marques, que também chegou às primeiras posições, perdeu o capô e teve que fazer uma parada imprevista nos boxes. Mas o Paraná foi representado na festa por Júlio Campos, que se manteve firme na prova e terminou em terceiro.

A corrida foi vencida por Diego Nunes, um jovem que encerrava a primeira temporada correndo na Stock. “Estou muito feliz em ganhar, é a minha primeira vitória, e fechar o ano dessa maneira é muito bom, ainda mais por ser minha primeira temporada na Stock Car”, festejou. Mas a grande festa era de Max Wilson, o campeão de 2010.

“Esse título não foi conquistado aqui. É um resultado de vários fatores e de tudo o que foi feito desde os primeiros treinos em Interlagos.Todas as corridas tiveram seu valor, mas esse ano é especial. Depois de tantos anos no automobilismo, nunca tinha vivido uma emoção tão grande como essa”, resumiu.

Ano que vem, ele iniciará a temporada de campeão exatamente em Curitiba, em março, em um final de semana que também terá o WTCC, o campeonato mundial de carros de turismo da FIA.