A nota enviada anteriormente continha um erro no segundo parágrafo. O Flamengo alegou que não precisava liberar Reinier para a seleção sub-17. Segue a versão corrigida:
O meia-atacante Reinier, de 17 anos, viveu o impasse nos últimos dias entre atuar pelo time principal do Flamengo na reta final do Campeonato Brasileiro e disputar o Mundial pela seleção brasileira sub-17 – o torneio será entre o dia 26 e 17 de novembro. Ele não se envolveu na queda de braço da CBF com o clube e apenas cumpriu a determinação de seguir em sua equipe.
A diretoria rubro-negra não liberou o jogador e chegou a ingressar com uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pois as competições de base não são consideradas Data Fifa e por isso não precisava liberá-lo – a medida judicial foi cancelada posteriormente. O coordenador da base da seleção, o ex-jogador Branco, reclamou que havia um acordo verbal entre as partes que foi descumprido.
“O Pedro Lucas foi convocado para o lugar do Reinier. O motivo foi o não cumprimento de um acordo de cavalheiros que a gente tinha feito, da CBF com o clube. Como não se apresentou, a gente tomou a decisão de convocar o Pedro, que já fez parte da nossa seleção em outras oportunidades”, disse o dirigente em comunicado aos jornalistas na Granja Comary.
O Flamengo cedeu outros três jogadores para a seleção sub-17 e tinha a intenção de liberar Reinier após o clássico de domingo contra o Fluminense. O clube justificou estar bastante desfalcado após as lesões de Diego, Arrascaeta e Everton Ribeiro – três jogadores que atuam na posição de Reinier. A CBF bateu o pé para o cumprimento da data estipulada e tirou o atleta da lista enviada à Fifa com os nomes do Brasil para o Mundial.
Reinier teria ficado chateado pelo corte do Mundial, mas teve de cumprir a determinação. E no primeiro jogo pelo clube após o fim da disputa, ele entrou no segundo tempo contra o Fortaleza e marcou o gol que garantiu a vitória do Flamengo por 2 a 1, em Fortaleza, na noite da última quarta-feira. “Seleção para mim agora é passado”, declarou na saída do campo. Ele também evitou manifestar sua opinião sobre o assunto. “Os maiores decidiram que eu não tinha que ir. Foi importante marcar o gol da vitória para mim e para o grupo”, completou.
TRAJETÓRIA – Nascido em Guará, cidade satélite de Brasília, Reinier mudou-se para o Rio ainda criança, com nove anos, mas já com o sonho de se tornar jogador de futebol. Ele veio apenas com o pai, Mauro, ex-jogador de futsal, campeão mundial pela seleção brasileira em 1985. A mãe e a irmã continuaram no Distrito Federal.
O primeiro clube que os recebeu foi o Vasco, mas o meio-campista não deu certo em São Januário. O garoto foi dispensado depois de seis meses. A segunda oportunidade apareceu no Fluminense, no qual permaneceu um ano e atuou pelas equipes de campo e de futsal do clube. Mas essa passagem por outro grande do Rio também não vingou por muito tempo. Porém, em 2014, com 12 anos de idade, Mauro conseguiu para o filho um teste no Flamengo e o garoto se firmou na equipe rubro-negra.
Reinier ajudou a base do Flamengo nas conquistas de títulos estaduais e aos poucos foi ganhando espaço. Ele já morava com os pais no início do ano quando aconteceu o incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro deste ano, onde dez garotos do clube morreram após o fogo se espalhar por um alojamento do CT. Da vaga de titular a se tornar protagonista não demorou muito. Com 15 anos, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira.
“Meu pai recebeu a mensagem e veio me contar. Estava deitado, mas saí pulando pela casa, dando volta pelo quintal, gritando. Foi a realização do primeiro sonho como jogador”, contou o Reinier ao canal de Youtube Feras da Base.
A experiência inicial com a camisa 10 do Brasil foi de certa maneira frustrante com o vice-campeonato do Sul-Americano Sub-15, disputado na Argentina. A seleção brasileira abriu vantagem de 2 a 0 na decisão contra os donos da casa, mas relaxou e permitiu a virada por 3 a 2. “Demos mole, não seguramos o jogo. Fica a lição”, disse.
O Mundial Sub-17 seria a oportunidade de Reinier disputar seu primeiro grande torneio no qual teria a oportunidade de encarar seleções europeias. Apesar do impedimento em disputar a competição, que ocorrerá no Brasil, clubes do exterior já estão de olho no futebol do garoto. O Real Madrid foi uma das equipes que sondou a revelação brasileira. O Everton, da Inglaterra, estaria disposto a pagar 40 milhões de euros (cerca de R$ 184 milhões) para contratá-lo. O Flamengo planeja faturar mais alto com uma eventual negociação e estipulou multa de 70 milhões de euros (aproximadamente R$ 322 milhões) pela rescisão do compromisso.
Reinier tem contrato com o rubro-negro até o fim de 2020. O clube planeja anunciar em janeiro a renovação até 2024 para não correr o risco de perdê-lo de graça. Isso porque, do jeito que está, a partir de julho do ano que vem, o garoto fica livre para assinar pré-contrato sem custos de rescisão para o eventual interessado em contar com o seu futebol.