O presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, concedeu uma entrevista coletiva, na manhã desta sexta-feira (24), para falar sobre o atual momento do clube, que briga para não ser rebaixado para a Série B.
O Paraná Online selecionou alguns pontos citados pelo dirigente.
Confira abaixo:
Salários
No Coritiba está tudo certo. No Brasil, não sei. Parecia que só o Coritiba tinha problemas. Pelo que sei, é um problema nacional. Mas, aqui, está tudo certo.
Grupo
Eles estão se cobrando. É um grupo responsável e que tem se dedicado muito. As últimas partidas do Coritiba foram muito boas. Tivemos uma infelicidade em Florianópolis, onde, é bom lembrar, houve um erro absurdo de arbitragem. Depois do segundo gol, o time se perdeu. Mas, em todos os jogos, o time está jogando de igual para igual e até melhor do que os adversários. Vencemos o Atletiba, o Criciúma, o Botafogo. Fomos bem contra o Cruzeiro, onde houve também erro de arbitragem. Contra o Internacional, nós chutamos 29 vezes a gol. O comprometimento do grupo é muito grande. Eles se cobram diariamente e há uma liderança muito forte do Marquinhos. Por tudo isso, entendo que vamos sair dessa posição de risco. Acredito no potencial do elenco.
Política
O momento político do Coritiba é o campo. Toda a família coxa-branca tem que estar unida neste sentido. Existe um processo político, mas as eleições, pra mim, estão em segundo plano. O mais importante é manter o Coritiba na primeira divisão. Temos grandes nomes que podem assumir o clube. O processo eleitoral é em dezembro. Independente de quem se candidatar, propostas são sempre bem aceitas. Mas, hoje, só quero saber de garantir essa permanência na Série A.
Planejamento
É difícil avaliar. Em 2013, fomos líderes do Brasileiro nas onze primeiras rodadas. Depois, veio uma queda muito grande e tivemos que correr atrás. No final, ficamos em 11º lugar. Houve um quadro de dificuldade, mas superamos. Na atual temporada, perdemos o primeiro semestre. Erramos. Tivemos que refazer o plantel e trazer reforços pontuais para o segundo semestre. Quando você erra, ou melhor, não encaixa, e aí, fica muito difícil. Pagamos, neste momento, o que foi feito de errado no início do ano. O Brasileiro é muito difícil e qualquer erro acaba custando muito caro.
Celso Roth
O Celso veio com 92% de aprovação. É um grande treinador, respeitadíssimo. O fato de não ter dado certo, não significa que não fez um trabalho honesto. Muito pelo contrário. Mas, na mudança, fomos felizes. O Marquinhos, que tem um ótimo desempenho em casa, é muito identificado com o clube. Então, a vinculação é também de amor com o Coritiba. Quando o Felipão foi pro Grêmio, sabia que ia dar certo, pois lá ele se sente em casa. O mesmo acontece com o Marquinhos, pois com ele o ambiente melhorou. Não pelo que o Celso representa, mas o time, com ele, não encaixou.
Alex
Ele foi meu ídolo e sempre será meu ídolo. É um grande jogador e tenho um carinho muito grande por ele. É uma referência para o clube e o respeito demais. Seu papel é muito importante no dia a dia. Tínhamos há alguns anos, o Pereira. O maior líder de vestiário que eu já conheci. É o que acontece hoje com o Alex. Esses jogadores, mais experientes, são fundamentais num momento de dificuldade. São atletas que contribuem muito dentro e fora de campo.
Dívidas fiscais
Defendo, apenas, o alongamento do prazo para o pagamento dessas dívidas. Mas, os clubes, devem cumprir as suas obrigações. Por isso, acredito muito na Lei da Responsabilidade Fiscal como solução para todos os clubes brasileiros. Com a definição da el,eição presidencial, acredito que já na próxima semana o projeto já entre na pauta do Congresso. Este é o trabalho, que irá ser um marco no futebol brasileiro. Os clubes pagam por erros do passado. O Coritiba tem a 13ª receita, o 14º em despesa e o 14º em dívidas também. Temos que trabalhar a busca por receitas e isso vem com a ampliação do seu quadro associativo. É preciso, também, investir na base, aumentando a receita a partir de venda de atletas. Se não crescer nessas frentes, você fica estabilizado num patamar, mas não consegue competir com orçamentos de R$ 300 milhões. A Lei vai premiar a competência de gestão. É claro que a média salarial vai cair e todos terão que se adequar à essa nova realidade.
Sócios
Há vários aspectos que precisam ser analisados. Primeiro, a questão cultural. Nós temos, em Curitiba, uma concentração de 800 a 900 mil torcedores. Nosso quadro é de 31 mil sócios, sendo 20 mil adimplentes. Os números estão ligados diretamente à questão de campo. Preço não é, pois o custo benefício é enorme. Há também a tevê. Você paga R$ 49 por mês para ter o pay-per-view. Tem a violência, o clima, a dificuldade de locomoção. Aí, o torcedor prefere pagar um valor para ficar em casa do que ir ao estádio. Tudo isso prejudica. Mas, é um trabalho contínuo, de resgate de valores. Mas, tudo passa por vitória. Torcedor quer o time ganhando.
Antecipação de receitas
Quando peguei o Coritiba, em 2010, havia um fluxo negativo de caixa de R$ 40 milhões. É um valor que venho cobrindo ano a ano, tirando água de pedra. Havíamos perdido mandos de jogos, com a receita caindo pela metade e uma dívida de R$ 110 milhões e tivemos que nos virar. O clube se valorizou de lá para cá. Renegociamos valores de tevê e com contrato até 2018. Compatibilizamos a dívida fiscal por quinze anos. Hoje, o Coritiba não tem execuções, protestos ou penhoras. Este é o grande mérito da nossa gestão.
Renovações
Independente da eleição, o planejamento já está pronto. A empresa não pode parar. Por isso, já tratamos com jogadores que temos interesse e carências estão sendo avaliadas pela comissão técnica. Minha missão termina em dezembro. Mas a responsabilidade continua. Preciso deixar uma estrutura pronta. Mudanças podem ocorrer, mas não podemos abandonar. Pode ser que a situação continue, que a oposição vença ou que tenhamos um candidato de consenso. Mas, independente do que acontecer, o clube não pode se desestruturar.