“Tenho o orgulho de contar com um grande grupo de jogadores, com uma maravilhosa comissão técnica e principalmente com um extraordinário profissional que é o Ney Franco”.
A frase é do vice-presidente do Coritiba, Vílson Ribeiro de Andrade, logo após o empate alviverde com o Bahia. Ele não é o único que já está com saudade do treinador coxa, que deixa o clube ao final da Série B para assumir as categorias de base da Seleção Brasileira. Com o dever cumprido, Ney Franco é o grande personagem deste 2010 verde e branco.
Ney chegou ao Coritiba no final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2009. Substituía um antigo ídolo, René Simões, que tal como ele levou o clube à Série A – mas René saíra com o fracasso da penúltima colocação até aquele momento.
Com uma campanha razoável, o treinador conseguiu tirar o Coxa na zona de rebaixamento, mas uma série negativa nas últimas rodadas fez com que o time fosse rebaixado.
A primeira sensação que se tinha era que Ney Franco, chocado com a queda, assustado com a violência dos vândalos que invadiram o gramado do Couto Pereira e com bom mercado em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, seria o primeiro a abandonar o barco. No entanto, foi o primeiro a ser mantido pela diretoria – e também por vontade própria.
“Tive várias oportunidades para sair, mas eu tinha um compromisso e um projeto no Coritiba”, afirmou várias vezes -quando teve sondagens do Cruzeiro, do Goiás, do Vasco e do Corinthians.
O técnico já tinha uma boa convivência com o supervisor Felipe Ximenes, que ganhou força com a nova diretoria. E teve um entendimento instantâneo com Vílson Ribeiro de Andrade.
O vice-presidente, o homem mais poderoso do Coxa, foi o avalista de Ney Franco nesta temporada -e a recíproca também foi verdadeira, pois o técnico, com ótimo trânsito com torcedores e jornalistas, também emprestou seu carisma para a nova direção.
Ligado a Curitiba, e apegado ao Coritiba, Ney trabalhou muito para que o time voltasse à Série A. Sabia que tudo começava com a recuperação do moral do elenco – e por isso não pediu alterações profundas no grupo, e sim contratações pontuais ao longo da temporada (Rafinha, Enrico, Triguinho, Léo Gago e Leonardo, entre outros). Depois, era fundamental ter a torcida ao lado, e a conquista do título paranaense em cima do Atlético foi o ponto de partida para a caminhada de retorno à primeira divisão.
Agora, com o Coritiba encorpado, em paz com a torcida, com uma diretoria afinada, Ney Franco vai embora. Assume outro grande desafio, o de levar a Seleção Brasileira para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e lá conquistar a inédita medalha de ouro. Não será fácil. Mas quem duvida dele?