Toda troca de treinador cria uma esperança no torcedor de que o time vai embalar e melhorar seu desempenho na competição. Só o tempo dirá de fato de as saídas de Doriva, do Atlético, e Celso Roth, do Coritiba, foram acertadas. Enquanto isso, confira outras opiniões da equipe Tribuna 98.
Carlos Bório
É sempre assim, o time não rende em campo, manda o treinador embora. Tá certo que o Celso Roth já estava sem ambiente no Coritiba. A vitória por 2×0 sobre o Vitória só adiou o inevitável. O que pesou muito foi a insistência de Roth em colocar a culpa sempre no elenco. A diretoria cansou de ouvir sempre as mesmas desculpas e partiu para um plano alternativo. Marquinhos Santos fez um bom trabalho na primeira vez, mas depois não se deu muito bem. Tem a seu favor a identificação com o clube e talvez isso faça a diferença.
Já o caso de Doriva é um pouco diferente. O que se percebeu é que o treinador bateu de frente com Petraglia e quando isso acontece, todos sabem quem perde. Doriva tinha suas convicçõese não abria mão delas. Agora o time volta às mãos de Leandro Ávila, que já vinha fazendo um bom trabalho depois de assumir o lugar de Miguel Ángel Portugal.
Diogo Souza
No futebol brasileiro, é muito mais fácil você colocar a culpa no técnico e demití-lo, do que perceber que o erro foi seu ao contratar dezenas de jogadores sem ter um planejamento plausível para a disputa de uma temporada. Começo dando o meu pitaco sobre a situação de Doriva. Primeiramente, mesmo estando na parte de cima da tabela de classificação, o inexperiente treinador insistia muito em atletas que não estão dando certo. E para piorar, o comandante ainda deixava a piazada que está em bom momento no banco, como nos casos de Douglas Coutinho, Nathan e Otávio. Acredito que o principal erro foi ter contratado Doriva, quando o interino Leandro Ávila vinha tendo o grupo na mão. O mais correto neste momento é manter o careca no comando e ir atrás o mais rápido possível de um zagueiro. Pelos lados do Alto da Glória, eu não vejo uma saída, mesmo com o retorno de Marquinhos Santos ao comando. Celso Roth não tinha culpa de seu time ser limitado. Porém, o técnico gaúcho poderia ao menos ser mais comedido nas entrevistas e não ficar descendo a lenha nos atletas.
Eduardo
Luiz K.
Como tenho bastante contato com os leitores e ouvintes da equipe Tribuna 98, tenho que fundamentar meu olhar sobre as demissões de Doriva e Celso Roth no que o torcedor pensa. É para ele que o clube (e seus treinadores) precisam prestar contas e agradar com seus trabalhos.
Doriva chegou com um belo de um cartão de visitas. Campeão paulista pelo Ituano, o jovem treinador, ainda sem vícios, definitivamente não tinha a bagagem necessária para comandar um time como o Atlético. A pressão constante de uma diretoria de futebol bastante presente e um elenco pouco reforçado poderiam ser complicadores para o treinador. E de fato foram. Para piorar, a pouca evolução tática do time e a previsibilidade em formações e alterações foram a gota d’água.
Roth tinha o que Doriva não tinha. Experiente, com histórico de bons trabalhos em situações adversas e, embora carregue o rótulo de retranqueiro, já mostrou boas variações táticas. Mas algumas picuinhas, manias e defeitos se sobressaíram ao trabalho. O “eu ganho, vocês perdem” não pegou bem e o resultado encaminharam sua demissão.
Guilherme de Paula
Um dos impactos do 7×1 é a discussão sobre a atualização do futebol brasileiro. A falta de continuidade dos nossos times é um dos temas desse debate. Sequência de trabalho é fundamental, o Cruzeiro confirma a tese. Marcelo Oliveira é o único treinador da Série A com mais de um ano e meio de trabalho. Mas para apostar em um técnico é preciso confiar nele. Normalmente os clubes erram mais na contratação do que na demissão. É o caso do Atlético, avaliou mal quando contratou Doriva. O campeão paulista pelo Ituano só chegou no CT do Caju por que a diretoria tinha receio que Leandro Ávila não aguentasse a pressão. Talvez não consiga mesmo, mas a diferença de Doriva para o interino é pequena.
A contratação de Celso Roth é um outro exemplo de má gestão. O Coritiba abandonou a filosofia de trazer treinadores para completar uma estrutura. Roth chegou para revolucionar o departamento de futebol, todas as decisões foram tomadas com base na opinião do treinador e do diretor Anderson Barros. O custo beneficio de Celso Roth foi péssimo, muito investimento para pouco resultado. Demissão justíssima. Antes de dar tempo para o treinador é necessário escolher o profissional certo.
Gustavo Marques
A queda dos técnicos da dupla Atletiba mostra o quanto o futebol paranaense luta desesperadamente para figurar entre os melhores do Brasil e infelizmente esté longe dos outros concorrentes. As diretorias estão mais preocupadas com leis, estádios e formas de beneficiar a atual gestão e outras administrações ao invés de pensar em boas apresentações.
O futebol dentro de campo é abaixo do esperado pelos torcedores e pior, em 2014, nenhuma revelação. Celso Roth e Doriva tiveram tempo para trabalhar contando inclusive com uma intertemporada e não souberam extrair qualidade dos jogadores. O grupo que terá a partir de agora mostrar mais serviço e a chegada de novos profissionais pode acrescentar ao time. Marquinhos Santos tem conhecimento do clube e atrai a admiração do elenco, especialmente do craque Alex. No entanto, precisa convencer a torcida que pode tirar o Coxa do buraco.
No Atlético, Leandro Ávila retorna de maneira diferente ao menos com o torcedor. Nas participações anteriores, o ex-jogador mostrou carisma e moral com os jogadores. Doriva saiu do Ituano, mas o Ituano não saiu dele!
Irapitan Costa
O Coritiba não tinha outra opção senão a troca no comando técnico. O discurso de Celso Roth já estava ‘vencido’ e a sequência de catorze rodadas seguidas na ZR derruba qualquer argumento contrário. Resta saber, no entanto, se o clube irá assumir sua parte nos erros ou irá depositar todas as esperanças na chegada de Marquinhos Santos. Roth não estava errado ao questionar o ‘passivo técnico’, já que a cada rodada a falta de qualidade do grupo se torna muito clara. Mudar o comando, sem qualificar comandados não será suficiente.
No Atlético, a situação é um pouco mais complexa. O clube decidiu apostar num técnico emergente. Um plano de ação que durou pouco mais de dois meses. A impressão é que se acredita demais num elenco que tem claras deficiências – em especial na zaga e no meio-campo – e está numa posição real para as suas possibilidades. Leandro Ávila, mesmo tendo conseguido uma série interessante após a saída de Portugal, está num nível similar ao de Doriva. Sem um zagueiro de maior lastro técnico e volantes de qualidade, o Rubro-Negro terá que se contentar com a zona intermediária.
Luiz Ferraz
A constante troca no comando técnico dentro do futebol brasileiro já virou moda. Resultados ruins significam, para os dirigentes daqui, na maioria das vezes, sinal de incompetência dos treinadores que estão comandando as suas equipes. Tivemos, no mesmo dia, as demissões de Celso Roth, do Coritiba, e Doriva, do Atlético, confirmadas. Mas a pergunta que fica é: são eles os verdadeiros culpados pelas campanhas irregulares da dupla Atletiba?
Antes da parada para a Copa do Mundo, o time atleticano, com os mesmos jogadores, conseguiu boas apresentações sob o comando do interino Leandro Ávila. Com pouco repertório, Doriva viu o Furacão sucumbir em alguns duelos e deixar de brigar pelo G4. Mas a culpa não é toda do treinador, já que o ex-comandante pediu reforços à diretoria, principalmente para a defesa, que é uma das mais vazadas do Brasileirão, e não foi atendido.
No Coritiba, Celso Roth, com seu estilo retranqueiro, teve vida curta. Com um elenco de baixa qualidade, o treinador apostou que a melhor defesa é a defesa mesmo. O Coxa, sob o seu comando, até conseguiu fazer bons jogos, principalmente fora de casa, mas acabou perdendo o rumo nos fracassos colhidos no Couto Pereira. A tarefa de recuperar o tempo perdido está nas mãos de Marquinhos Santos, que, de maneira alguma poderá ser responsabilizado caso o Coritiba seja rebaixado.
Ricardo Brejinski
Atlético e Coritiba fizeram a troca no momento certo. Não dá pra dizer que a culpa era dos treinadores pelo mau momento dos times, mas certamente o trabalho deles não estava rendendo como deveria. O Furacão caiu muito de rendimento após a chegada de Doriva. Insistindo com a mesma escalação e substituições, o treinador não fez o time reagir em nenhum momento. O erro foi não ter mantido Leandro Ávila, que, enquanto foi o interino, ao menos montou um Atlético competitivo.
No Coxa, o erro foi apostar no nome, na grife. Celso Roth, conhecido por ser ‘retranqueiro’, quando chegou até ajustou a defesa, mas de forma temporária. Mantê-lo seria carimbar a queda para a Série B, ainda mais sempre colocando a culpa nos outros. A chegada de Marquinhos Santos não significa que tudo dará certo, mas o novo técnico já mostrou na sua primeira passagem pelo Alviverde que está muito mais atualizado que Celso Roth. Além disso, a diretoria corrige o erro de tê-lo demitido no ano passado, quando claramente o problema era a pouca qualidade do elenco, que não foi melhorado de lá pra cá.
Roberson Jannuzzi
A continuidade de um trabalho, normalmente, é um dos segredos do futebol. Somente com a repetição, seja da prática ou da teoria, é que se alcança o objetivo traçado. O problema é que no caso dos técnicos de Coritiba e Atlético eles tiveram tempo suficiente para buscar o melhor para as equipes e não conseguiram. Não discuto se Celso Roth e Doriva têm ou não competência para dirigir um time de futebol na Série A (acredito que os dois têm), o que sempre foi muito claro é que o trabalho não estava dando certo. A mudança no comando técnico era prevista e inevitável, mas não é só isso que se resolve o problema. O Coritiba aposta em Marquinhos Santos, que já dirigiu a equipe, mas e o elenco? É qualificado suficiente? Pra mim, Marquinhos Santos vai bater a cabeça tanto quanto Celso Roth. No Atlético, vejo uma situação um pouco mais tranquila. O time já provou que pode mais, porém gostaria de ver um técnico com mais rodagem dentro de um campeonato competitivo como o Brasileiro. Leandro Ávila pode até ajudar, mas se vai conseguir segurar a pressão só o futuro vai dizer, aposta arriscada para o momento.
Rodrigo Sell
É bem provável que Doriva faça sucesso nos próximos trabalhos como treinador. Tem tudo para fazer. Sair do Atlético deve-lhe fazer bem porque o Rubro-Negro tem sido uma verdadeira frigideira de talentos. O trabalho dentro do clube não é dos mais ortodoxos em termos de futebol. Assim, não se é de duvidar que o campeão paulista não consiga seguir na carreira com mais vitórias que os eventuais erros. Dessa maneira, qualquer um que assuma o comando do Furacão trabalhará sempre com a cabeça na guilhotina. Que o diga Vagner Mancini. Do outro lado, o Coritiba até que demorou para mandar um ex-treinador em atividade embora. Celso Roth ficou na história com alguns bons trabalhos, mas agora já é passado. Que Marquinhos Santos tenha a estrutura adequada e o suporte necessário para que possa desenvolver seu potencial sem cartolas o atrapalhando.
