Um grupo de torcedores pretende reunir associados do Coritiba para pedir mudanças no estatuto do clube, pois se dizem cansados do sistema atual. Pretendem mostrar que um apaixonado alviverde pode fazer mais que simplesmente pagar sua mensalidade, balançar bandeiras e gritar nas arquibancadas. Eles querem espaço e participação no dia-a-dia do time de futebol que aprenderam a gostar desde a infância.
Motivado por boas iniciativas como o Green Hell, revoltado com um rebaixamento no ano do centenário, o advogado Percy Goralewski, 32 anos, resolveu juntar a turma de amigos que fez nas arquibancadas do Couto Pereira e convocar o restante da torcida.
Passaram não somente a colher assinaturas de outros associados, como também a expandir o ciclo de amizades. “Vou ao estádio desde 91 e conto nos dedos de uma mão os jogos que perdi. Sei que tem muita gente na mesma situação, gente que ama o Coritiba. Já que a vaidade se sobrepôs aos interesses do clube, chegou a hora de agir. Talvez precisou do rebaixamento para sairmos do papo e ir pra ação”, conta.
A primeira missão é mudar no estatuto o formato das eleições, que ocorrem de dois em dois anos no clube. “Queremos voto direto, nesse mesmo período. Não de quatro em quatro anos. É um direito que temos e devemos cobrar. Isso ajuda a filtrar o interesse de quem quer comandar o Verdão. Ele está na UTI, cabe ao torcedor de verdade lutar de forma honesta e pacífica para dar uma nova vida ao clube”, defende.
Outra intenção dos torcedores é criar mecanismos para agilizar fiscalização e punição de pessoas que errarem na gestão do Coritiba. “A partir do momento que você consegue trabalhar o clube como uma grande empresa, com metas, resultados e transparência, a situação passa a ser outra”, conta Percy.
Dependendo dos torcedores, tudo deve dar certo. “Muita gente tenta generalizar a torcida como baderneira por causa da invasão no jogo contra o Fluminense. Isso não existe. Nossa torcida é ordeira, pacífica. Estamos descontentes, por isso vamos agir na forma correta. Se mais de 700 pessoas me escreveram por e-mail para tirar dúvidas, é um sinal que tem gente querendo participar do jeito certo. O importante é fazer a nossa parte”, ressalta.
Formas de ação
O advogado Domingos Moro explica o processo necessário. Segundo ele, para agilizar a questão seriam necessárias assinaturas de um número não inferior a 1/5 do número de adeptos do plano “Sou Sócio, Sou Coxa” ou de outras categorias que têm direito ao voto. “Na última eleição foram perto de mil votos, então com 200 assinaturas o abaixo assinado seria levado ao presidente do conselho administrativo que se veria na obrigação de convocar uma assembleia extraordinária fazendo a solicitação. É algo que demanda algum tempo para verificar quantas assinaturas são válidas e fazer a convocação. Mas a iniciativa é boa”.