Uma conquista de título sempre é ocasião de festa, júbilo, explosão e alegria. Mas a taça estadual obtida ontem pelo Coritiba, a 34.ª da história do clube, teve gosto um tanto diferente para a torcida.

continua após a publicidade

O êxtase veio acompanhado de um grito angustiado, saído do fundo do peito, de uma espécie de descarrego e de lavagem da alma após a série de frustrações que tiveram como auge a selvageria no dia do rebaixamento para a Série B.

Não há dúvida de que o Coxa precisava do troféu mais de que qualquer outro dos 13 participantes do Campeonato Paranaense. Era uma volta por cima urgente, para um clube que não teve razões para comemorar em campo o centenário de fundação – talvez com a exceção da boa campanha na Copa do Brasil.

Depois de perder o título paranaense em 2009 para o maior rival, o Coxa caiu cedo na Copa Sul-Americana e fez um Brasileiro muito irregular. A queda de produção na reta final e o rebaixamento na última rodada não foram mais tristes e dolorosos que a vergonha protagonizada por vândalos após o jogo contra o Fluminense.

continua após a publicidade

No ano de 2010, o novo G9, que teve como único remanescente o presidente Jair Cirino, já havia encarado uma eliminação precoce na Copa do Brasil e também integrou a chapa derrotada na eleição do Clube dos 13. A perda do título paranaense colocaria dose extraordinária de pressão sobre a atual direção.

“Nós jogadores e funcionários carregávamos esse peso nas costas. Fico emocionado em ver as pessoas que choraram naquele 6 de dezembro hoje derramando lágrimas de felicidade. Isso não tem preço. Esse povo merece, sofreu demais”, resumiu o goleiro Edson Bastos, um dos heróis do jogo que selou a conquista.

continua após a publicidade

Além do resgate da autoestima, o título também era crucial para o Alviverde em termos financeiros. Condenado a jogar 10 partidas fora de casa, e com o corte do orçamento causado pelo rebaixamento, o clube considerava fundamental a adesão em massa da torcida ao plano de sócios.

A conquista estadual é a chance de motivar o torcedor que, desconfiado e traumatizado, se manteve distante da equipe em 2010 e agora pode voltar a vestir com todo o orgulho a camisa alviverde.