O Coritiba abre a temporada com um ponto de interrogação na cabeça de seu torcedor. Num processo de reformulação – reflexo do resultado das urnas, que tirou Vilson Ribeiro do poder – e enxugamento, o Verdão já não é mais visto como o grande favorito ao título. Apesar de carregar nos ombros essa “quase obrigação”. Afinal, é o clube de maior poderio econômico e que lança mão de sua força máxima, diferente do que ocorre com o rival Atlético. Mesmo assim, até aqui os reforços são modestos e, para aumentar o clima de incerteza, o clube já não conta mais com Robinho e Alex, pilares do meio-campo nas últimas temporadas.
Sob o risco de perder mais algumas peças – como o goleiro Vanderlei – o técnico Marquinhos Santos intensifica o discurso de que o Coritiba não pode comprometer a temporada ao focar de forma mais intensa o estadual. Um cenário que abre espaço para algumas interpretações. Em especial após o que ocorreu no ano passado, quando o Verdão adotou uma estratégia diferenciada, recorrendo a um time alternativo nas primeiras rodadas, fracassou e viu o planejamento ruir. O castelo de areia se desmanchou e levou com ele o promissor Dado Cavalcanti. Um trauma tão intenso que fez a diretoria ir buscar Celso Roth, um técnico para muitos superado.
Ao mesmo tempo que alivia a “responsabilidade de título”, Marquinhos mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca por um time minimamente competitivo e que, em 2015, não passe pelos mesmos dramas recentes. Mesmo assim, o próprio treinador assegura que pelo que representa hoje no cenário paranaense, não dá para imaginar o Coritiba fora da final. Afinal, entre 2010 e 2013, o clube manteve a hegemonia do estadual, com quatro títulos consecutivos. Para passar uma borracha no que ocorreu ano passado, com a eliminação nas semifinais pelo modesto Maringá, o Coritiba terá, primeiro, que reinventar o seu setor criativo, agora sem o craque Alex.
Marquinhos Santos poderia apostar na segurança defensiva, ponto alto de sua equipe no último Brasileiro. Mas as últimas horas foram péssimas para os planos do treinador. Vanderlei já se despediu e vai defender o Santos. E Leandro Almeida se empolgou com o interesse do Cruzeiro e deve se mandar – há uma chance de Dagoberto entrar no negócio. Assim, o treinador terá que mexer na zaga, confiar na mesma dupla de volantes e ainda ajustar o quarteto de frente. Porém, já sem a eficiência de Robinho e a genialidade de Alex.
Diante desse quadro, a comissão técnica vem testando alternativas táticas que possam reequilibrar o time, seja com três zagueiros ou até mesmo dois meias mais avançados, já que o time deverá abrir o Paranaense – frente ao Nacional, em Rolândia – ainda sem um centroavante de ofício. Indefinições que justificam a incerteza do torcedor. Dúvidas que só o tempo poderá apagar. Ou não.
