Uma reviravolta digna do que se chama de “política tradicional” encerrou, pelo menos por enquanto, a crise institucional no Coritiba. O pedido de Assembleia Geral feito por 87 conselheiros foi arquivado na noite de ontem em uma reunião do próprio Conselho Deliberativo, em que a diretoria teve apoio de 81 “cardeais” para que o encontro que trataria da destituição do presidente Samir Namur fosse derrubado, contra 66 a favor.
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Foi uma vitória política do cartola, que se via cercado por opositores, pressionado pela torcida e criticado intensamente pelos péssimos resultados do Coxa em 2018 – perda do Campeonato Paranaense para o time B do Atlético, eliminação na Copa do Brasil e o décimo lugar no Campeonato Brasileiro da Série B, longe do esperado acesso para a primeira divisão. Por conta dos problemas na gestão que o grupo de conselheiros contrários à gestão de Namur conseguiu se articular e chegar ao número necessário de assinaturas para a convocação da Assembleia Geral.
Mas não havia nenhuma razão de fato para o pedido de impeachment. E foi esse o tema principal da reunião do Conselho Deliberativo de ontem. Inicialmente imaginada como apenas um encontro para referendar a Assembleia e tratar dos trâmites do evento. Mas a Comissão Legislativa, criada para analisar o pedido e chefiada pelo ex-vice-presidente André Ribeiro, acabou argumentando que o pedido era inconsistente, e por isso pediu o arquivamento. No voto, a situação venceu a oposição.
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A votação reforça o apoio interno a Samir Namur. Durante a semana passada, ele tinha subido o tom das críticas aos opositores, chamando de “golpe” a tentativa de convocação da Assembleia Geral e garantindo que “ninguém mais indicado e autorizado que eu mesmo para continuar” o processo de reformulação no departamento de futebol. “Não tenho dúvidas que se o resultado de campo fosse outro, essas questões sequer aconteceriam. Mas é preciso dizer que o resultado de campo não habilita quem quer que seja a destituir um presidente”, disse, em entrevista ao UOL.
Um apoio decisivo na reunião de ontem foi o do ex-presidente Vilson Ribeiro de Andrade. Muito criticado por Namur no início da gestão, mas tendo se aproximado do dirigente nos últimos meses, Vilson não apoiou a Assembleia como outros ex-mandatários. E essa influência foi decisiva. “Enfim houve consciência. Seria a continuidade dessa aventura absurda. Isso não isenta a má administração, mas a paz do clube será fundamental”, disse, em entrevista à jornalista Nadja Mauad, da RPC.
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Agora, vem o que nesse momento é mais difícil que a articulação política no Conselho Deliberativo: a reconquista da confiança do torcedor, que se decepcionou muito com a campanha de 2018. Para isso, a diretoria quer agir rápido. O executivo de futebol Rodrigo Pastana ganhou mais tranquilidade para a tarefa de refazer o elenco alviverde ao lado do técnico Argel Fucks. “Precisamos fazer uma reformulação e já estamos fazendo. Trouxe uma pessoa qualificada que é o Rodrigo Pastana. Estamos discutindo internamente para ver quem trazer. Precisamos de cinco, seis jogadores que cheguem para ser titulares absolutos”, afirmou o treinador.
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A tarefa é complicada, principalmente pela drástica queda de receita que o Coxa tem por conta do não acesso à primeira divisão. Da maior cota de televisão neste ano, passará a ter o mesmo valor dos outros clubes participantes. Terá que fazer mais com menos, e sob forte vigilância da torcida, que espera resultados imediatos. A luta da diretoria para pacificar o Coritiba está apenas começando.
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