Além dos problemas de lesões, outro grande trauma no Coritiba são os rompimentos dos ligamentos dos joelhos. Só em 2012 e 2013 foram oito problemas deste gênero, sendo quatro no joelho direito e quatro no joelho esquerdo. Um número relativamente pequeno (7,6%) perto do total de lesões ocorridas em pouco mais de dois anos. Porém, o que mais chama a atenção é que alguns casos também foram de reincidências.
De acordo com o doutor Lúcio Ernlund, que foi quem realizou a maioria das cirurgias dos atletas do Coxa, os casos reincidentes se devem ao fato de que, após passar por uma cirurgia, embora fique próximo do ideal, o ligamento não fica igual ao de um jogador que nunca teve este problema. “A questão do ligamento o jogador sofre uma entorse que afeta o ligamento. Toda cirurgia de ligamento, de menisco, não deixa a estrutura melhor do que antes, não tem como. Se a pessoa sofreu uma lesão em algo que era perfeito, o local foi reconstruído. A tecnologia ajuda o jogador a voltar a jogar, mas a estrutura fica um pouco abaixo do natural”, explicou ele.
Já segundo o doutor Beny Schmidt, fisiologista especialista em medicina esportiva, o fato de um atleta sofrer a mesma lesão de forma consecutiva signfica que a reabilitação não foi feita corretamente antes da liberação para os treinos. “Quando os quadrícepes não estão ligados, pode haver uma ruptura muscular ou no ligamento anterior do joelho. No caso da lesão do ligamento cruzado, é problema do departamento médico. Não diria que é um erro médico, mas uma falta de conhecimento de medicina. Ele (jogador) não foi reabilitado integralmente”, declarou.
O mais conhecido de todos é o atacante Keirrison, que precisou passar por três operações de ligamento cruzado do joelho direito ao longo da carreira. A última lesão, no entanto, ocorreu antes mesmo de ele voltar a jogar.
No final de dezembro de 2011, o K9 rompeu os ligamentos quando ainda defendia o Cruzeiro. No entanto, acabou acertando a sua volta ao Coxa em março de 2012 e a fase final do tratamento foi feita no departamento médico do Alviverde. Quando estava voltando a trabalhar com bola, em julho, o atacante, ao bater na bola, na sequência caiu no chão com as mãos no joelho direito. Dias depois, foi confirmada uma nova ruptura dos ligamentos.
Porém, ao contrário das duas vezes anteriores, 2006 e 2011, quando realizou a cirurgia com o doutor Lúcio Ernlund, desta vez o jogador optou por realizar a operação em São Paulo, com o doutor René Abdalla.
Em junho do ano passado, Keirrison voltou a jogar e desde então a luta é para recuperar o futebol apresentado no início da carreira. A única lesão no joelho que ele teve foi uma pancada no local, na derrota do Coritiba por 1×0 para o Cruzeiro, em três de agosto. No entanto, foi apenas um susto e o atacante ficou duas semanas sem jogar. Mesmo assim, devido às seguidas lesões no local, o atleta precisa realizar um trabalho intensivo de fortalecimento muscular, para evitar que um novo rompimento.
Outro que passou por problema semelhante foi o volante Sérgio Manoel. No dia 28 de julho, o atleta rompeu os ligamentos cruzados do joelho esquerdo e ficou à disposição em 14 de fevereiro do ano passado. Três meses depois ele sofreu uma tendinite no joelho oposto, o direito, e ficou mais um mês sem jogar. A explicação do departamento médico na ocasião foi que este tipo de lesão é comum em jogadores que estão retornando após um bom tempo de inatividade. Só que, em 16 de agosto, Sérgio Manoel voltou a romper o ligamento do joelho esquerdo e segue em tratamento para retornar aos campos.
Nas categorias de base, outro caso que chama a atenção. O lateral-esquerdo Timbó, quando estava na equipe principal, em 2012, sofreu um rompimento dos ligamentos do joelho esquerdo e precisou ser operado. No entanto, foi a terceira cirurgia do atleta, que antes de trabalhar no time profissional já havia realizado outras duas cirurgias no mesmo local.
Além dos três, quem também passou pelo mesmo problema no Coritiba foram o zagueiro Cleiton, o lateral-direito Jackson e os atacantes Everton Costa e Rafhael Lucas. Além disso, ocorreram mais 12 entorses no joelho direito em outros atletas.
Anderson Aquino
O atacante Anderson Aquino também teve um sério problema no joelho. Ao contrário dos companheiros, ele não chegou a romper os ligamentos, mas sofreu com uma crônica lesão patelar no joelho esquerdo, que o deixou, no total, quase um ano sem jogar e também cancelou sua transferência para o Botafogo.
No dia 16 de janeiro de 2012, o jogador teve a lesão diagnosticada e ficou praticamente dois meses em tratamento, voltando a jogar em março. Naquele ano, por causa de problemas no ombro, ele acabou atuando apenas 33 vezes com a camisa coxa-branca e ao término da temporada foi emprestado ao Botafogo.
Porém, o departamento médico não avisou a diretoria alviverde de que o atleta seguia tratando o joelho esquerdo e Anderson Aquino acabou realizando apenas um treinamento no clube carioca, que, por meio de um exame clínico, diagnosticou o problema no tendão patelar do joelho.
Logo que voltou ao Coritiba, Aquino ficou oito meses se recuperando da lesão e voltou a jogar no dia oito de setembro, na vitória do Coxa por 2×0 sobre o São Paulo. Só que foi a única partida do jogador no ano. Diante do tricolor paulista, ele ficou pouco mais de dez minutos em campo e acabou tendo um problema muscular, não atuando mais em 2013.
Recuperado na atual temporada, o atacante treinou com o time alternativo, que jogou as primeiras rodadas do Campeonato Paranaense e chegou a ser relacionado pelo técnico Zé Carlos para a partida contra o Cianorte. Porém, a pedido do técnico Dado Cavalcanti, ele foi integrado ao elenco principal e apenas ficou no banco de reservas na derrota por 2×0 para o Londrina.