A demissão de Marquinhos Santos começou a ser delineada ainda no vestiário do estádio Beira-Rio, onde o Coritiba perdeu para o Internacional na manhã de domingo. Foi a união de uma relação desgastada, da revolta da torcida e da oportunidade de repatriar Ney Franco que levaram a diretoria alviverde a mudar o comando técnico.
Após o jogo com o Inter, dois personagens dessa história davam entrevista. De um lado, Marquinhos Santos explicava outro mau resultado e defendia seu trabalho. “Ainda faltam 32 rodadas, tem muito campeonato pela frente”, dizia. De outro, o vice Ernesto Pedroso usava um pretenso discurso de defesa do treinador para deixar claro que a situação era complicada. “Se eu fosse ouvir as redes sociais, já teria demitido o Marquinhos”, comentava.
A delegação alviverde voltou na tarde de domingo para Curitiba. Cerca de trinta torcedores estavam no aeroporto Afonso Pena, mas não encontraram o elenco. Até ali o que se sabia é que aconteceria uma reunião da diretoria alviverde, que dependia do retorno do presidente Rogério Bacellar, que estava no exterior.
Até falou-se numa transferência dessa reunião para segunda, mas ela não aconteceu. Pelo menos fisicamente, pois as conversas já rolavam. Tanto que por volta da 0h de ontem o telefone de Ney Franco tocou. Bacellar e Pedroso conversaram com ele, disseram que a demissão estava definida e que ela independia do “sim” do treinador.
Um sonho antigo do Coxa
Ney Franco é um sonho antigo de várias diretorias, desde sua saída em 2010 para assumir a seleção brasileira sub-20 – mais ainda para Ernesto Pedroso, que era o diretor de futebol quando o técnico teve sua primeira passagem no clube. Antes, era impossível porque o técnico estava num patamar salarial acima do que o Coxa poderia pagar. Agora, ele seria uma tacada técnica (reconhecidamente é um bom profissional) e emocional (a torcida gosta dele). No momento em que Marquinhos foi avisado de sua demissão, Ney dizia “sim”. Combinou que chegará amanhã, que logo vai para o campo e que estará no banco de reservas contra o Flamengo, no sábado.
Sobre contratações, o novo técnico alviverde já tinha ciência de que poderia contar com Marcos Aurélio, Esquerdinha e Lúcio Flávio. Soube que ainda poderá ter mais jogadores. Era o suficiente para topar e voltar ao Alto da Glória, onde teve passagem festejada. Todos ficaram felizes. Menos Marquinhos Santos, demitido sem poder encerrar seu projeto no Coritiba.