Couto Pereira

Profissionais da imprensa relatam momentos de terror

O terror promovido por vândalos travestidos como torcedores do Coritiba no último domingo ainda não saiu da cabeça de pessoas que vivenciaram os fatos. Após o apito do árbitro, em que o Coxa acabou rebaixado para Série B, torcedores invadiram o gramado e começou uma pancadaria generalizada com a polícia. Alguns profissionais, assim como jogadores, não conseguiram escapar ilesos.

Confira depoimentos de alguns profissionais que estavam presentes no Couto Pereira:

Elaine Felchacka, correspondente de esportes do portal Terra

“No intervalo, alguns torcedores tentaram invadir. Quando começou o segundo tempo, fiquei preocupada com o que poderia acontecer caso o Coxa caísse.

Foi uma selvageria. A hora em que estava tentando entrevistar o Cuca, levei um arranhão no rosto e também um chute. Fiquei perto da grande área, do lado contrário. Chorei muito, fiquei em estado de choque, não sabia o que fazer. Nesta hora só pensei em me proteger e não consegui trabalhar direito.

Faz 10 anos que trabalho como jornalista e nunca senti tanto pavor no futebol como o que senti no domingo”.

Hassan Neto, correspondente da Rádio Jovem Pan (SP) e repórter da Band

“Quando começou a invasão imaginei que a polícia pudesse controlar, porque no começo até parecia que isso aconteceria. De repente, de forma assustadora, perdeu o controle. Parecia que havia sido combinado, porque os torcedores tiveram muita facilidade para invadir.

A impressão que dá é que a diretoria do Coritiba foi responsável porque não cuidou da segurança do estádio. Foi extremamente lamentável.

Roubaram meu óculos. Tentaram pegar minha bolsa de trabalho. Desci para o túnel e o pessoal me pediu para voltar e relatar o que estava acontecendo. Levei pontapés e corri para o túnel novamente. Temi que eles arrombassem o portão e invadissem os vestiários.

Era um jogo de risco e a polícia sabia disso. Nunca tinha visto o que aconteceu domingo em quase 10 anos de profissão”.

Nadja Mauad, repórter do SporTv e produtora do CBN Esportes

“Nunca pensei que veria o que vi. Torcedores totalmente descontrolados. Fiquei muito triste, decepcionada e com medo. Fiquei com receio de um dia deixar meu filho ir ao estádio.

Fomos à sala de imprensa e estava fechada, mas implorei para que abrissem o portão e fiquei ali. Estava muito preocupada com o que acontecia lá fora, já que as informações não eram boas. Tivemos que sair pelo vestiário do Coritiba.

Olhava no rosto das pessoas e vi que eles não tinham noção do que faziam, não mediam as consequências e isso dava medo. O policial sendo carregado foi muito chocante. Dá vontade de largar tudo.

Não tinha 700 policiais no Couto Pereira. Conversei com vários e me disseram que era cerca de 250 policiais”.

Edu Brasil, repórter do Coritiba na Rádio Banda B

“A Secretaria de Segurança Pública não deu a mínima. O Coritiba encaminhou dois funcionários pedindo reforço para o jogo. A Império havia feito ameaças. Deveria ter sido feito um cordão de isolamento para não deixar as pessoas entrarem.

A punição maior será para o clube e não para torcida. Se pegar 10 mandos de punição, cumprirá no Brasileiro e depois não consegue se recuperar.

Quando começou a invasão não sabia se iria sobrar pra mim. Fui atrás dos jogadores no túnel. Aí fiquei na sala de imprensa por 1h30. Temi pelo pior, porque não tínhamos como nos defender. Tenho 40 anos de profissão, mas nunca passei por algo parecido como o de domingo. Já vi barbaridades, mas foi a primeira vez que vi algo assim.

O futuro do Coritiba é complicadíssimo, mesmo na Segunda Divisão”.

Allan Costa Pinto, fotógrafo da Tribuna do Paraná

“Foi um desespero. Fiquei sem ação. Não tinha para onde ir. Fiquei no meio do gramado, mas não cheguei a ser agredido.

Estou há 12 anos na profissão e nunca vi nada parecido em lugar nenhum do mundo. Acredito que sejam atos isolados. Não dá para generalizar, mas mancha a torcida inteira”.

Fábio Alexandre, fotógrafo da Tribuna do Paraná

“Estava trabalhando do lado de fora do estádio. As pessoas não sabiam aonde ir. O clima estava muito pesado.

Não podia vacilar, porque qualquer descuido poderia levar uma pedrada, uma garrafada. Acredito que a polícia se excedeu um pouco, mas também foram agredidos por torcedores.

Esta foi a primeira vez que vi algo desse tipo”.

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