A cobrança mais excessiva de alguns torcedores e o princípio de confusão que se armou em uma das portas dos vestiários do Coritiba no último domingo, após a derrota para o São Paulo, foi criticada pelo presidente do clube, Rogério Portugal Bacellar. O dirigente, que se pronunciou sobre a tentativa de invasão ao vestiário do time coxa-branca somente ontem, não escondeu seu descontentamento com mais um revés sofrido pelo Verdão no Brasileirão, mas afirmou que a atitude do grupo foi exagerada.
“É uma situação sempre complicada quando acontece isso. Eu torço, tenho minha paixão pelo meu clube, mas eu acho que foi um fanatismo exagerado. Não é saudável e acho que a pessoa tem que ter consciência do que está fazendo, não só pelos atos pessoais, mas das palavras. Claro que todos ficamos descontentes com o resultado. É o direito da torcida, criticar a diretoria, o treinador, até os próprios jogadores, mas não dessa maneira, que extrapolou os bons costumes”, lamentou o dirigente coxa-branca.
Alceni
O vice-presidente Alceni Guerra, em entrevista à Rádio Transamérica, lamentou o ocorrido e afirmou que, tão logo soube da tentativa de invasão quando dirigia até a sua residência, voltou ao Couto Pereira para tentar contornar o acontecido e tomar as primeiras providências cabíveis junto aos organismos de segurança presentes no estádio.
“Lamento o susto dos jogadores e das suas famílias e, como médico, digo que se assustaram porque são pessoas normais. Estava me dirigindo para casa e, ouvindo pela rádio o relato gravíssimo do que estava acontecendo, voltei para o Couto Pereira. Quando cheguei, fui informado que estava tudo sob controle e que não houve invasão nenhuma”, contou.
“Dentro do estádio, quando acontece qualquer coisa, há o representante da Polícia Civil, gente da Polícia Militar, juiz, promotor. Estavam todos lá e encaminhamos para eles tudo o que ocorreu na porta das dependências do Coritiba e o restante é com eles. Cumprimos nossa obrigação, encaminhamos as imagens para eles tomarem as providências. É dever deles identificar os culpados e propor as punições cabíveis”, frisou.
Alceni garantiu que o elenco foi tranquilizado e que todos estarão com a cabeça fria para o jogo decisivo de sábado, contra o Figueirense, novamente no Couto Pereira. “Nós mostramos que somos capazes de tomar as providências necessárias”, concluiu o vice.
Segurança reforçada
O jogo de sábado, às 21h, contra o Figueirense, no Couto, pode definir o futuro do Coritiba no Brasileiro. Um novo revés pode deixar o Verdão muito próximo da Série B. Pela importância do jogo e, sobretudo com a carga emocional extra que deve embalar o torcedor, a diretoria vai reforçar a segurança neste sábado.
“Há cerca de 15 dias reforçamos o esquema de segurança. Por ter esse esquema extremamente reforçado, foi impedido que qualquer torcedor tivesse contato com os atletas. Ontem voltei ao Couto Pereira e, na reunião com todo o sistema de segurança, eles relataram passo a passo o que foi que aconteceu e felizmente não aconteceu o que poderia ser de pior. A segurança está reforçada e tomamos as providências que tínhamos que tomar”, frisou o vice-presidente Alceni Guerra.
O presidente Rogério Bacellar reiterou que não houve invasão, mas que no grupo de torcedores havia alguns conselheiros que participaram dos incidentes. O mandatário garantiu que os seguranças estarão mais atentos a partir de agora.
“Ninguém entrou no vestiário e não houve invasão. O esquema de segurança vai continuar, mas é claro que o,s seguranças vão ter que ficar mais atentos. Ninguém conseguiu encontrar com os atletas e, o que houve foi que, alguns torcedores, junto com alguns conselheiros, bateram na porta do vestiário e isso criou muito tumulto”, disse Bacellar.
Conselheiros querem saída de Ney
O clima de cobrança visto domingo à tarde, no Couto, se estendeu até anteontem, quando foi realizada a reunião do conselho deliberativo. De acordo com o presidente da pasta, Pierpaolo Petruzziello, diversos questionamentos surgiram, principalmente sobre a continuidade do técnico Ney Franco no comando do Verdão, sobretudo pelas recentes cinco derrotas seguidas sofridas pelo clube na competição nacional.
“O clima é de muita cobrança. Foi uma reunião muito boa, com os conselheiros de todas as alas falando a mesma língua. Não há ninguém, evidentemente, satisfeito com as cinco derrotas e surgiram alguns questionamentos. A situação do treinador foi colocada por quase todos os conselheiros. Mas é o tipo de decisão que não é do conselho, do colegiado, mas sim da diretoria. O descontentamento não é apenas com o trabalho do Ney Franco, mas sim com o momento do clube”, contou Petruzziello. Ninguém da diretoria alviverde esteve presente na reunião.
Apesar das cobranças e do descontentamento, o presidente do conselho deliberativo coxa-branca garantiu que todos os jogadores e a comissão técnica do Coritiba tem todo o apoio dos conselheiros para que, nesta reta final, consigam manter o Verdão na elite do futebol nacional.
“O elenco tem o apoio incondicional do nosso conselho. Acreditamos que esse elenco e esse grupo vai conseguir a permanência na Primeira Divisão. Todos os mais de 140 presentes na reunião de segunda-feira estão imbuídos junto com o time e acredita e confia que esse grupo vai sair dessa situação”, emendou.
Desmentido
Petruzziello, por fim, desmentiu as informações de que conselheiros do clube participaram da tentativa de invasão ao vestiário do Coritiba após a derrota para o São Paulo, no último domingo. “Não houve nenhuma invasão. Nenhum conselheiro estava envolvido. Houve sim barulhos, mas não aconteceu nem tentativa e nem invasão”, finalizou.
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