“Dizem que sou louco por pensar assim / Se eu sou muito louco por eu ser feliz / Mas louco é quem me diz / E não é feliz, não é feliz”. Os versos de Balada do Louco, clássico de Os Mutantes, poderia servir para definir Alceni Guerra, vice-presidente do Coritiba. O cartola, principal entusiasta da construção de um novo estádio para o clube (no terreno do Couto Pereira ou no Pinheirão), não está nem aí para as críticas, e garante que a posição dele vai acabar convencendo a maioria incrédula.
Nos últimos meses, Alceni foi ligado a uma série de iniciativas. Primeiro, a apresentação de projetos ao Conselho Deliberativo do Coxa, com a posterior aprovação da sequência dos estudos. Depois, de uma possível parceria com empresários chineses que construiriam o estádio. E mais recentemente com a negociação envolvendo a compra do terreno do Pinheirão junto ao empresário João Destro, que arrematou o espaço em um leilão para quitar dívidas da Federação Paranaense de Futebol.
Em meio a problemas internos, saída de diversos dirigentes desde o início da gestão do presidente Rogério Portugal Bacellar e com o quinto ano seguido lutando para não ser rebaixado no Campeonato Brasileiro, é difícil encontrar quem apoie Alceni – mais ainda no momento de grave crise econômica. Sem contar que há quem não aguente mais tanta maquete de estádio.
Mas vai dizer isso a ele. “Respondo que é, sim, hora de começarmos o planejamento para termos algo pronto quando estivermos em uma situação (da economia) melhor que a de hoje. Minha impressão é que já chegamos no fundo do poço (da crise). E ainda não temos projeto financeiro e arquitetônico”, disse o vice-presidente alviverde, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo.
Ex-deputado, ex-prefeito (de Pato Branco) e ex-ministro, Alceni é reconhecido desde os tempos de político como um bom articulador e negociador. Não à toa assumiu ano passado o cargo no Coritiba. E por isso passou a ter um papel importante, participando das reuniões da Primeira Liga e do Campeonato Brasileiro, além das tratativas do novo estádio.
E a empolgação do cartola surpreende, a ponto de ele ser acusado de estar maluco de pensar nisso agora. “Chamar de louco todo mundo chama, mas paciência. Tento contornar com argumentos coerentes. Eu te digo que é a hora de fazermos esse projeto”, repetiu. “Temos um ano de mandato ainda (até o fim de 2017). Quero conseguir a viabilidade técnico financeira e legal do estádio nesse período”, finalizou Alceni Guerra. “Sim, sou muito louco, não vou me curar / Já não sou o único que encontrou a paz / Mas louco é quem me diz / E não é feliz, eu sou feliz”. (com reportagem de Fernando Rudnick)