Moradores das redondezas do Couto Pereira se disseram traumatizados com a violência dentro e fora do estádio. Depois do purgatório mal sucedido dentro de campo, um verdadeiro inferno verde foi protagonizado na região.
Nem mesmo o Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi poupado. Enquanto devotos oravam, as portas do templo precisaram ser fechadas para conter a tentativa de invasão protagonizada pelos torcedores.
“Recebemos uma proteção divina quando policiais militares solicitaram que fechássemos as portas. A missa do Padre Primo Hipólito acabou e ainda precisamos aguardar mais 30 minutos, ouvindo gritos, bombas, tiros. Foi terrível”, disse o fiel Israel Pires, 38 anos, que estava no santuário durante o tumulto.
Prédios da Rua Mauá também sofreram tentativa de invasão. Moradores ficaram sitiados dentro de suas residências para evitar as consequências do conflito entre torcedores e policiais.
“Coloquei os parentes e conhecidos para dentro do portão. Estavam todos com medo, já que era bala de borracha, paus e pedras para tudo que é lado”, conta o porteiro Jeferson Guebur, 36 anos.
A advogada Eneide Pavelec, de 56 anos, também mora na região. Estava dentro do estádio acompanhada dos filhos de 14 e 17 anos, além do afilhado de 5. “Buscamos refúgio no terceiro anel. Só conseguimos sair depois que a polícia controlou a situação, mais de uma hora depois e com a família toda preocupada”.
Há 18 anos moradora da Rua Mauá, Pavelec disse jamais ter visto cena parecida. “Havia gente pulando sobre os carros. Veículo de cor rubro-negra certamente era chutado pelos vândalos. Uma pena é que toda torcida do Coxa leva a culpa por causa de meia dúzia que entraram no estádio apenas pra brigar”, lamenta.
