Logo de cara, mais por mérito de todo o contexto do ‘fato novo’ do próprio Carpegiani, o time emplacou três bons resultados no Brasileirão, com vitórias contra a Ponte Preta e o Santos, além de um empate fora de casa com o Cruzeiro. Evidentemente o treinador começou a colocar seus conceitos táticos na equipe, dando padrão de jogo para um time então desorientado.
A sequência de jogos trouxe uma derrota para o Vitória fora de casa pela Sul-Americana e mais três bons resultados, contra Vitória (jogo de volta da Sula) e Grêmio, além de um empate fora de casa contra o São Paulo. À época, o clima ficou mais agradável no CT da Graciosa, empurrando para fora dos portões o derrotismo dos meses anteriores.
A força do elenco prevaleceu nessa hora. Nos bastidores, o bom relacionamento do grupo de jogadores, construído desde a pré-temporada em Foz do Iguaçu, foi determinante para que a estrutura psicológica se mantivesse ao longo do ano. A atuação de Carpegiani foi decisiva no sistema defensivo, principal problema do time até aquela altura do campeonato. Taticamente, o treinador ajudou o posicionamento e deu confiança aos jogadores que atuavam por ali, colhendo bons resultados dentro da realidade de um time que novamente brigaria contra o descenso.
Carpegiani também resgatou alguns jogadores esquecidos ou pouco aproveitados sob o comando de Pachequinho. Os atacantes Evandro e Iago, além do meia Juan, este último decisivo em vários jogos do time na temporada, são exemplos.
O conhecimento tático do técnico, aliás, é reconhecido por todos dentro do Coritiba. Jogadores costumam exaltar a expertise do treinador ao comentar sobre suas qualidades, sejam nos treinos, sejam nas preleções. É um estrategista, mas com temperamento de vovô bravo.
Por seu estilo mas enérgico e sério de trabalhar, chegou a entornar alguns narizes dentro do CT da Graciosa. Alguns jogadores que perderam espaço não souberam lidar com as broncas e cobranças do treinador, mas foi também o seu jeito de falar e se comunicar que conseguiu mexer com os brios do grupo. Carpegiani pôs seriedade e impessoalidade num grupo acostumado apenas com afagos.
O resultado foi a reação do Coritiba no Brasileirão, e o avanço para as oitavas de final da Copa Sul-Americana. ‘Ele ganhou muito jogo quando precisou mexer no time, mesmo que alguns não gostassem‘, confidenciou um funcionário do clube.
Esta é a terceira passagem de Carpegiani pelo Coxa (antes treinou o Alviverde em 1990 e 1995). O técnico havia decidido não permanecer para 2017, mas foi convencido a acreditar no projeto pelo ex-vice-presidente Ernesto Pedroso, decisivo também para o seu retorno ao clube no meio do ano após três anos sem trabalhar em nenhum time.