O terreno em Campina Grande do Sul que o Coritiba pretende construir o novo Centro de Treinamentos sofre com o abandono do próprio clube. A reportagem da Gazeta do Povo visitou a parte de fora do local no dia 29 de janeiro e constatou a situação do patrimônio coxa-branca, que tem área total de 450 mil metros quadrados – o equivalente a 57 campos de futebol.
O muro e o escudo estão danificados por causa de um acidente de carro, ocorrido há três meses. Uma placa de madeira foi improvisada na mureta para remendar o buraco. A vegetação alta na entrada do portão também evidencia a falta de manutenção do local. Um assalto já foi registrado dentro do terreno, quando bandidos abordaram o caseiro e roubaram equipamentos de jardinagem do clube.
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Ronei Morais, funcionário do clube que reside e cuida sozinho do terreno, relatou que os dirigentes da nova gestão ainda não haviam comparecido no local até a data da visita da reportagem. O presidente Samir Namur foi procurado através da assessoria, que não respondeu.
Ex-dirigentes defendem novo CT
O terreno foi comprado em 2011, na gestão de Jair Cirino (2008-11), pelo valor de R$ 1,7 milhão. Vilson Ribeiro de Andrade, ex-presidente na época e que assumiu o cargo máximo no ano seguinte, explica o motivo de o empreendimento não ter avançado.
“Queríamos negociar o Centro de Treinamentos da Graciosa [CT atual que é propriedade do clube] através de um investimento imobiliário. Desta forma, iríamos construir primeiro o novo CT ao invés apenas de vender a área da Graciosa. Mas sofremos com problemas de estrutura no Couto Pereira e tivemos que construir o Setor Pro Tork”, justifica Andrade.
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“Foi um bom negócio na minha visão. Hoje a área vale muito mais do que foi pago. Como gestor, eu sou contra vender. O futuro do Coritiba precisa de um centro de treinamento moderno. Eu acho que você, como dirigente, tem que preservar a sua empresa. Seja ela qual for. E por mais dificuldades que a gestão passe, não pode abandonar o seu patrimônio”, complementa o ex-presidente.
O ex-vice-presidente Alceni Guerra, responsável pelos projetos de patrimônio do clube no mandato de Rogério Bacellar (2015-17), também defende a construção do CT e lamenta ter tido sua ideia barrada no Coritiba. “Nenhum clube do Brasil tem uma área tão especial quanto essa com 46 hectares dentro da cidade. É um bom negócio que pode se transformar no melhor CT do país. Acho que a atual diretoria não teve o tempo de cuidar do projeto”, afirma Guerra.
Restrição ambiental emperra projeto
O último projeto do Coritiba para a construção do novo CT, apresentado na gestão Bacellar, não foi aprovado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Os argumentos do órgão público são de que a área está localizada em uma Zona de Uso Agropecuário e de Conservação da Vida Silvestre. Porém, o próprio IAP afirma que o projeto pode ser aprovado, caso seja reapresentado em outras condições.
“Como o IAP não aprovou o projeto, nós fizemos uma proposta de fazer uma área de preservação com a inserção de todos os gêneros e espécies de araucárias no entorno do terreno. Era uma forma viável do Instituto aprovar nossa ideia. Mas não foi aceito porque o setor financeiro do clube não deixou. Mas eu deixei os projetos e fiz questão de mostrar tudo para a nova diretoria”, explica Alceni Guerra.