Para o Coritiba, o ano de 2017 ficará marcado para sempre pelo rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, mas mesmo assim é possível encontrar personagens que conseguiram se salvar. É o caso de Wilson. Se algo deu certo neste ano no Alto da Glória, o goleiro está entre essas exceções.
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Natural de Santo André, o camisa 84 chegou ao Coxa em meados de 2015, com a missão de livrar o clube do rebaixamento, o que foi conseguido, e na atual temporada conquistou o título estadual, mas não evitou a queda desta vez, apesar de ter sido um dos goleiros com mais defesas difíceis da competição. Wilson teve atuações épicas. O caso mais simbólico foi na vitória por 4×3 sobre o Sport, quando defendeu duas cobranças de pênalti de Diego Souza e deu a chance para o Alviverde construir uma virada que parecia definitiva na luta contra a degola.
Wilson foi mais que um goleiro para o Coxa. Ele também foi o responsável até pelo fim da zica dos pênaltis no clube. Até setembro, eram sete cobranças desperdiçadas no ano (Kléber com duas, Neto Berola, Alecsandro, Henrique Almeida, Longuine e Thiago Carleto) e vários pontos pelo caminho. Contra Avaí e São Paulo, o arqueiro assumiu a responsabilidade na marca da cal e não falhou.
Até nas entrevistas Wilson foi melhor que o Coritiba em 2017. O título do Campeonato Paranaense produziu uma euforia no Couto Pereira. Enquanto os dirigentes falavam em vaga na Libertadores e até em conquista de título, o goleiro foi sempre na contramão. Manifestou publicamente a preocupação com o ambiente de empolgação e adotou um discurso mais realista que dos dirigentes.
“No início do ano eu falei, o Coritiba vinha nessa situação há muito tempo e se continuasse, uma hora ia acabar acontecendo e, infelizmente, (o rebaixamento) foi nesse ano. Depois do título estadual, eu alertei e conversei com pessoas da diretoria que tínhamos que melhorar. O título estadual era importante para dar confiança, mas o Campeonato Brasileiro era alto nível”, disse ele, ainda em Chapecó.
Com contrato renovado até 2020, Wilson lamentou o rebaixamento, mas tem esperanças que a troca de diretoria possa reerguer o clube. “É hora de se desculpar. Em boa parte da temporada, numa incompetência nossa, na hora de definir, se defender, muitos erros durante a temporada, dentro e fora de campo. Agora é hora de remontar. O Coritiba é muito grande, já passou por isso e vai se reerguer mais forte ainda, tenho certeza. Vai mudar a diretoria, a gente espera que a nova diretoria tenha mais estrela e reerga o Coritiba o quanto antes. O Coritiba vai dar a volta por cima com certeza”, afirmou o jogador.
Com tamanha liderança, dedicação e também boas atuações, a manutenção do arqueiro virou uma das prioridades do presidente Samir Namur. Apesar do vínculo prolongado, Wilson despertou a atenção de outros times, inclusive da Turquia, mas a tendência é que ele siga no Alto da Glória.
Trajetória
O goleiro começou a carreira no futsal do Flamengo, logo depois foi para o campo e se profissionalizou em 2005 no clube carioca. Quando chegou no profissional, o titular da posição era Júlio César, que em seguida foi substituído por Bruno. Com isso, Wilson pediu para ser emprestado para ter sequência de jogos. Passou por Portuguesa-RJ e Olaria-RJ e em 2007 foi contratado pelo Figueirense, onde foi campeão catarinense em 2008 e virou um dos ídolos da torcida. Depois foi para o Vitória, conquistou o título baiano de 2013 e naquele mesmo teve boa participação no Brasileirão.
Quando chegou ao Couto Pereira, tinha a tarefa de acabar com a crise de goleiros do clube. Vaná tinha falhado no Estadual daquele ano e Bruno não passava confiança. O Coxa chegou a cogitar a contratação de Dida, campeão do mundo em 2002, mas por indicação do técnico Ney Franco, optou por Wilson, que vinha na reserva do Vitória após se recuperar de uma lesão. Desde então foram 140 partidas, três gols marcados e o título do Paranaense 2017 com a camisa do Verdão. Agora o próximo passo é fazer o clube retornar à primeira divisão.