A divulgação de mensagens em um grupo de WhatsApp desencadeou nesta sexta-feira (28) outra crise no Coritiba. O conteúdo mostra conversas entre membros da diretoria, entre eles os vices André Macias e Pierre Boulos, funcionários, conselheiros e torcedores, que colocam em dúvida qual seria o real comando do clube: do presidente Rogério Bacellar ou do grupo denominado Indomáveis FC.
Após repercussão do vazamento, Bacellar demitiu dois funcionários que participaram das conversas: o coordenador de comunicação Adriano Rattman e o gerente de patrimônio Christian Gaziri.
Integrantes do G5, Macias e Boulos podem ser denunciados ao Conselho Disciplinar. “Tomei conhecimento das mensagens, mas prefiro esperar a reunião de segunda [para se manifestar]. Mas eles podem responder a processo interno”, explica Pier Petruzziello, presidente do Conselho Deliberativo.
Segunda-feira (31), o Deliberativo se reúne para, entre outros assuntos, discutir o relatório da origem e destino dos R$ 200 mil doados pelo clube à campanha de Ricardo Gomyde à presidência da Federação Paranaense de Futebol (FPF).
O teor das conversas vazadas é pesado. Em alguns momentos há incitação de violência contra o ex-vice-presidente Ernesto Pedroso, que pediu renúncia em julho. Ele é chamado no grupo de TT (Treme-Treme), alusão ao tremor que sofre nas mãos, decorrência do mal de Parkinson.
“Era impossível trabalhar no Coritiba com essa gente. Usaram de termos pejorativos. Minaram o [Ricardo] Guerra [ex-vice, que também renunciou] e deixaram o ciúme sórdido prevalecer”, disse Pedroso.
Ricardo Guerra foi bastante citado nas conversas divulgadas. Chamado de “playboy”, “bacaninha” e “laranjinha”, ele pediu renúncia em maio e deixou o clube junto com o diretor executivo João Paulo Medina. Ambos eram apontados como responsáveis pela ampla reforma administrativa no clube. E foi a resistência a essa reforma que os derrubou.
A gota d’água, segundo Guerra, foi a doação dos R$ 200 mil à campanha de Gomyde à FPF. “Tudo que tentávamos fazer éramos cerceados, apesar de termos uma pseudo carta-branca. Após a doação para o Gomyde, que não concordei, optei por sair”, explicou Guerra em entrevista à Rádio Transamérica.
Guerra chegou a cobrar o presidente para que tomasse uma atitude. “Falei ao Bacellar ‘ou demite todo mundo e muda o rumo da gestão, ou vou me retirar. Não sou oposição ao senhor, mas sim aos que o cercam e que prejudicam o Coritiba’”, explicou.
Macias nega ter colaborado nas quedas de Guerra e Pedroso. O vice, no entanto, cutucou o ex-companheiro de chapa. “Fico feliz pelo Guerra ter saído da moita. Há uma sindicância aberta no clube que o acusa de vazar para a imprensa informações confidenciais, mas ele nunca apareceu. Agora resolveu dar as caras”, disse. Macias se coloca à disposição Conselho para esclarecimentos. Ele está em Porto Alegre com a delegação alviverde que enfrenta o Grêmio domingo (30), pelo Brasileirão.