Atibaia – No final de 2014, Marquinhos Santos estava com dois pés fora do Coritiba. O Vasco era seu destino. Mas problemas pessoais o impediram de deixar Curitiba. E hoje o treinador tem uma condição invejável e um desafio imenso em 2014. A condição invejável é o contrato de duas temporadas com o Coritiba, inferior apenas ao de Tite com o Corinthians. O desafio é remontar um time que perdeu o ídolo, referências técnicas e tem pouca capacidade de investimento imediato. Tudo somado à ânsia da nova diretoria de ter um título estadual à pronta entrega para o torcedor.
Por isso os dez dias da pré-temporada em Atibaia, que se encerra hoje, ganham importância extra para o treinador. Foi nesse período que Marquinhos implementou as bases táticas do time que pretende ver em ação a partir de sábado, contra o Nacional, na estreia do Paranaense. E começou a por em prática o planejamento para fazer o Coritiba suportar a longa e exigente temporada que ainda tem Copa do Brasil e Brasileiro.
Qual sua avaliação dessa pré-temporada?
Muito boa, bem controlada e aproveitada desde a apresentação. Nesse curto período os atletas buscaram uma evolução, não só física, mas também técnica e entendendo a filosofia tática de jogo. Isso me deixou muito feliz, pela entrega dos atletas.
Você falou que espera dois ou três reforços. Quando você acha que vai ter esse elenco completo?
O ideal para o treinador sempre é na pré-temporada já ter um grupo formado para ganhar tempo, ritmo, entender a filosofia do treinador. Mas sabemos das dificuldades, as negociações demoram um tempo e por conta disso eu acredito que para essa semana, no máximo semana que vem, esses dois ou três atletas já possam estar junto do grupo.
Você tem uma expectativa de dar uma regularidade para o Vaná?
Sim. O Vaná, o Willian e o próprio Samuel são jogadores que vinham trabalhando muito forte e merecem essa oportunidade. O Vaná é um atleta que eu conheço desde os 14 anos. Sei do potencial, da segurança, e também é muito bom com os pés. No futebol moderno, com as linhas jogadas próximas e adiantadas, o goleiro tem que ter esse perfil e o Vaná tem muita qualidade para ser ou jogar como falso líbero. É claro que nesse início como camisa 1 cria-se uma expectativa. Esperamos que ele possa corresponder porque se trata de um grande goleiro, não só para o clube, mas para o futebol brasileiro.
Em um treinamento você chegou a escalar João Paulo, Rosinei, Hélder e Cáceres no meio. Se você escalar essa equipe e disserem que está jogando com quatro volantes, você acha que é injusto?
Eu acho incorreta a terminologia. O Cáceres é um meia que atuou muito com essa função no Cerro Porteño e no Vitória. O perfil dele não é de um volante. O Rosinei comigo ano passado atuava aberto pela direita como meia de transição. O Helder e o João já possuem características de jogar por trás da linha da bola. Até o próprio Pedro Ken e o Alan Santos são jogadores com maior qualidade de jogo e que chegam a todo momento pisando na área adversária apresentando-se como elemento surpresa.
Por que o esquema em que você iniciou a pré-temporada não era um 3-6-1?
Quando eu jogo com três zagueiros, eu nunca joguei em um 3-6-1. Eu atuei no 4-1-4-1 e no 3-3-1-3. No jogo contra o Corinthians (pelo Brasileiro) ficou bem claro. Porque tinha a linha de três zagueiros, mas o Carlinhos e o Ivan atuaram bem abertos, jogando em cima do sistema defensivo deles. São variações que utilizamos. Quando eu atuo com os três zagueiros é um fazendo a linha defensiva pelo lado do campo ou, quando eu atuo nessa linha de três mesmo, é para que tenha dois jogadores bem abertos e um centralizado ofensivo. Aí eu possa jogar no 3-3-1-3, que é uma formação mais utilizada pelo (Marcelo) Bielsa, no Olympique.
<,strong>Está sendo mais difícil montar o time agora do que foi em 2013?
Em 2013 houve uma continuidade e eram jogadores mais experientes e com o perfil um pouco diferente. Então não teve que mexer tanto. Esse ano até pela questão, não só do Coritiba, do mercado brasileiro em relação à parte financeira dos clubes, a opção foi o inverso. Nós trouxemos jogadores mais jovens, com perspectiva promissora, e baixamos a faixa etária. Isso nos traz uma esperança de montar um time mais leve, mais solto. Mas até por tantas saídas e tantas referências, com certeza o trabalho é maior do que foi em 2013.
Você já foi claro ao dizer que o Coxa jogará com o time principal no Estadual. Existe algum planejamento para não chegar na metade do ano e o time estar muito desgastado fisicamente?
Existe. Dentro do próprio Estadual nós vamos revezar, rodando a equipe, para que todos entendam a filosofia de jogo, participem e tenham essa evolução. Nós não optamos em colocar o sub-20 ou mesmo o sub-23 para que dentro do Estadual nós tenhamos a possibilidade de um encaixe do perfil, do padrão do jogo. E isso o Paranaense nos dá sem que tenhamos que perder a competitividade. Mas não significa que nós vamos iniciar a competição com um time e terminar com a mesma equipe. Vamos monitorar para entrar forte na Copa do Brasil e Brasileiro.
Qual o tamanho da segurança que é em um mercado instável como o Brasileiro ter dois anos de contrato?
Se eu não me engano apenas o Tite acertou com o Corinthians um contrato de três anos. Isso demonstra uma seriedade e o que a diretoria do Coritiba pretende, o trabalho de médio a longo prazo, sabendo das dificuldades que há nesse início de reformulação. Acho que é importante não só para o clube, para o profissional Marquinhos Santos, mas demonstra no futebol brasileiro uma quebra de paradigma.
Qual a sua expectativa para o Paranaense?
Eu torço e fico na expectativa de em cada ano o futebol paranaense se torne mais competitivo, mas qualificado, e mais equipes briguem pelo título. É claro que o Coritiba sempre entra como um dos favoritos por ser uma grande equipe do Estado. Nesse início de temporada, pelo número de contratações, sempre vai ter responsabilidade de buscar o título.