Considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos do futebol paranaense, e eterno ídolo do Coritiba, o zagueiro Aroldo Fedato morreu ontem à tarde em Curitiba, aos 88 anos, em decorrência de problemas respiratórios. No Coxa, ele foi o que mais atuou pelo clube – 15 anos -, o que mais usou a tarja de capitão (pelo menos 13 anos) e segue insuperável em número de títulos. Foram sete estaduais (1946, 47, 51, 52, 54, 56 e 57). Em sinal de luto, o Alviverde colocou uma tarja preta em seu escudo no site oficial. O velório será realizado a partir das 7h30 de hoje, no estádio Couto Pereira, e o sepultamento está previsto para acontecer às 16h30, no cemitério municipal de Curitiba.

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Fedato nasceu no dia 16 de outubro de 1924, em Ponta Grossa, com o nome de Haroldo Fedatto, escolhido pelo seu pai, João. A intenção era homenagear o ator cômico Harold Lloyd. Mas o escrivão grafou errado e Haroldo virou Aroldo e Fedatto, quando ele começou a jogar futebol perdeu um “t”. Pouco tempo depois de o filho nascer, o senhor João conseguiu emprego na Marmoraria Vardânega, no centro de Curitiba, e a família mudou-se para a rua Sete de Abril, no Alto da XV. Foi nas ruas do bairro que ele começou a jogar futebol com bolas de meia e de couro. O primeiro time foi o Atlético Atlanta, em homenagem a um clube de Buenos Aires. A equipe jogava num campo na esquina das ruas Almirante Tamandaré e Fernando Amaro. Outro clube que defendeu na mesma época foi o Itália.

Fedato cresceu jogando de centroavante. Era alto. Tinha 1,87m. Em 1939, Altair Cavalli, funcionário do Coritiba, o levou para treinar no juvenil do Alto da Glória. Fedato tinha 15 anos. Um dia o zagueiro central do juvenil, Laerzio Campeli, amigo de Fedato, brigou com o técnico e foi jogar no Atlético, deixando um buraco na defesa. O técnico -sargento Arturi – olhou para Fedato, que era alto e forte, e mandou o garoto para a zaga central. “De centroavante eu passei para zagueiro. Nem reclamei, por que estava chegando ao Coritiba e o que eu mais queria era um lugar no time titular”, recordou em recente entrevista ao Paraná Online, para a série Lendas Vivas. Foi assim que o futebol paranaense perdeu um promissor centroavante, mas ganhou um grande zagueiro.

Fedato rapidamente se tornou uma referência no Coritiba e na Seleção Paranaense. A ponto de chamar a atenção do técnico Zezé Moreira, que na época dirigia o Botafogo. O time carioca fez uma excursão para a Bolívia e resolveu convidar o zagueiro paranaense. Fedato foi emprestado por um mês, em abril de 1948. Ele foi considerado o melhor jogador do time de General Severiano e ganhou dos jornais estrangeiros o apelido de Estampilla Rubia. O Botafogo quis contratá-lo definitivamente, mas ele não foi. Ficou a lembrança. Fedato guardou a vida inteira a sua foto tirada por um fotógrafo boliviano, com a seguinte dedicatória: “Al mejor back que he visto em mi vida”. Nesta excursão, havia um jovem que estava na reserva e viria a ser titular no time do Botafogo. O nome dele era Nilton Santos.

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Durante sua longa carreira, Fedato fez apenas dois gols pelo Coritiba. Um no dia 7 de agosto de 1949, num fatídico Atletiba em que seu time foi goleado pelo adversário por 5 x 1. Por esta razão, ele confessou mais tarde que não tinha motivos agradáveis para recordar a façanha. Na realidade, o gol saiu por que Fedato resolveu fazer o que os beques da época normalmente não faziam: arriscou-se ao ataque. A bola entrou. Outro gol foi marcado contra o Água Verde, no dia 3 de junho de 1951. Mais umas vez o adversário venceu. Desta feita, por 3 x 2. O negócio de Fedato era evitar gols. Foi assim que ele virou lenda.

Allan Costa Pinto
Material de Fedato: chuteiras e camisas de valor inestimável.