No comando de um time vencedor, um técnico muito mais do que vencedor: Ênio Andrade. Ele já tinha conquistado o Brasileiro com o Internacional, em 1979, e com o Grêmio, em 1981. Não fazia sucesso no eixo Rio-São Paulo, mas somava títulos estaduais conquistados também por Santa Cruz, Sport Recife, Náutico e o próprio Coritiba, em 1979. Pragmático, não descartava o futebol-arte pregado pela Seleção de 1982, mas queria sempre conciliar o talento com a força que garantia conquistas.
Gaúcho de Porto Alegre, Ênio Andrade, após passar pelo Alto da Glória, fez sucesso também no Cruzeiro, conquistando mais títulos até morrer em 1997, aos 68 anos, de complicações pulmonares. “Eu sou limitado, mas dentro da minha limitação sou inteligente porque vou impor aquilo que eu tenho, aquilo que eu quero”. Essa era a frase que o técnico Ênio Andrade sempre passava aos jogadores durante a campanha do título.
O então preparador físico Odivonsir Frega (hoje coordenador do CT da Graciosa) confirma. “O professor Ênio confiou bastante na gente (nele e no assistente Dirceu Kruger) e isso foi muito importante”, relembrou. Essa confiança veio dos métodos inovadores que o profissional aplicava no elenco. “Minha esposa, Lídia, é italiana e os primos dela me mandavam tudo o que saia na Europa sobre preparação física e fisiologia”, revelou.
Com a força extra e cuidados especiais, o Coxa ergueu o troféu. “Nos hotéis, eu pedia para ver quem estava hospedado no mesmo andar, verificava o café da manhã e realçava a virtude daquele grupo: a disciplina”, relembrou Frega.