Humilde, simples e com opiniões fortes. Assim pode se resumir Alex. De um jovem garoto que realizava o sonho de jogar futebol profissionalmente, vestindo a camisa do clube do coração, a ídolo por onde passou e líder do Bom Senso F.C., o meia cada vez mais mostra que não tem papas na língua e não teme se o que vai dizer pode desagradar alguém.

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Ao mesmo tempo, se mostra discreto. Enquanto o Coxa corre para promover o milésimo jogo do seu principal atleta, a imprensa busca qualquer palavra do meia, ele próprio não se preocupa com a marca alcançada. o foco é buscar a vitória diante do J.Malucelli. “Eu não fico pensando muito nisso, me preocupo mais em ganhar do J.Malucelli e diminuir a vantagem dele, que hoje é o líder. A festa fica por conta do clube, eu não desvio muito o foco”, afirmou.

Mesmo assim, Alex sabe que mil jogos não é para qualquer um e vê nisso algo muito importante. Assim como o futuro do Coritiba e também do Bom Senso. Confira o que o meia falou a respeito da marca, do próprio futuro e das ambições para a carreira.

Tribuna/PRON: O que representa os mil jogos na carreira?

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Alex: Pra mim representa muito, porque não é uma marca simples de ser atingida. Tem que fazer uma média de quantos jogos você fez ao longo desses anos todos e o que me deixa satisfeito é que por onde eu joguei são lugares onde sou respeitado e deixei alguma coisa marcada. Isso me traz uma satisfação muito grande.

Tribuna/PRON:  Chegar ao milésimo jogo pelo clube em que disputou o primeiro é diferente?

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Alex: Eu tive a oportunidade de sair, jogar por vários clubes e retornar para o clube onde tive a primeira oportunidade. Então isso é bastante interessante.

Tribuna/PRON: Entre todos os jogos disputados até hoje, é possível destacar o mais importante?

Alex: É difícil escolher, porque depende muito do momento dos times, do momento que você está passando. Então escolher um jogo só é injusto dentro de vários que tive a felicidade de jogar. Mas O Atletiba de 1995 foi muito especial, era o retorno do Coritiba à primeira divisão. Passei aperto e caí para a Série C como torcedor, na base do clube, então aquele clássico é muito importante. A estreia é simbólica, pois nada aconteceria se não fosse aquele jogo. Tem também um Palmeiras x River Plate, na semifinal da Libertadores de 1999, tiveram vários jogos na Turquia. Tem um Cruzeiro x Fluminense em 2003 que me emocionou bastante. Já éramos campeões e recebemos a faixa naquele jogo dos jogadores campeões pelo Cruzeiro em 1966. Eu recebi do Dirceu Lopes, de que meu pai tanto falou quando eu era criança.

Tribuna/PRON: Existe muita diferença em relação ao Coritiba do primeiro jogo para o do milésimo?

Alex: A diferença é total. Joguei no Coritiba na pior fase da história do clube, mas é um avanço pequeno. Administrativamente, é um clube muito melhor, seria injusto não ver isso, mas foi o Coritiba ou o potencial econômico do futebol brasileiro que evoluiu? São perguntas que me faço.

Tribuna/PRON: Você se sente satisfeito nesta volta ao Coxa?

Alex: Me sinto satisfeito individualmente, mas o clube pode conquistar mais. É um clube municipal, tem uma torcida participativa e que tem potencial para ir mais longe.

Tribuna/PRON: Qual foi o gol mais bonito da sua carreira?

Alex: O gol mais bonito foi aquele pelo Palmeiras contra o São Paulo (pelo torneio Rio-São Paulo de 2002, Alex chapelou um zagueiro, Rogério Ceni e mandou para as redes). Não era um jogo de muita importância, mas era um clássic,o importante, o Palmeiras vinha titubeando e foi o gol mais bonito.

Tribuna/PRON: Qual foi o jogo mais triste entre os 999 realizados?

Alex: O mais triste foi Camarões x Brasil, pelas Olimpíadas. Naquele jogo nada deu certo e era um sonho poder ser medalhista olímpico. Este com certeza é o jogo mais triste da minha carreira.

Tribuna/PRON: Olhando para trás, faltou alguma coisa na sua carreira?

Alex: Faltou eu ter jogado uma Copa do Mundo. O restante joguei em bom nível, estadual, nacional, sul-americano, na Europa. Se faltou algo, foi não ter jogado uma Copa, mas isso não me traz uma frustração. Joguei duas eliminatórias e só fiquei fora por opção dos treinadores (Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira).

Tribuna/PRON: Ao longo destes 19 anos, qual foi o aprendizado que você teve?

Alex: É preciso trabalhar e se dedicar muito, se privar de muitas coisas, senão é difícil você jogar em um bom nível durante tanto tempo.

Tribuna/PRON: E no futuro, você já pensa o que vai fazer quando parar de jogar?

Alex: Só saio de Curitiba se tiver uma proposta de emprego em uma outra situação que ainda não existe. Mas eu todo dia penso no que vou fazer. A única certeza que tenho é que vou continuar no futebol, não sei em qual função, mas preciso me preparar. Seja pra ser executivo de futebol, treinador, tenho que me preparar para poder exercer.

Tribuna/PRON: Aonde o Coritiba pode chegar em 2014?

Alex: Futebol é muito imprevisto. No Brasil, falam de planejamento, mas isso é uma coisa que não existe. Principalmente em um time como o Coritiba, onde a necessidade financeira existe e você pode perder jogador a qualquer momento. Então tem que pensar muito no hoje, no que pode ser feito no momento. No momento, o Coritiba vai brigar pelo penta e na Copa do Brasil pensamos primeiro no Cene-MS.

Tribuna/PRON: Em 2013 o Coritiba passou por dificuldades no final do ano, brigando para não cair. Dá para acreditar que 2014 será diferente?

Alex: Ano passado nós tivemos muitas dificuldades e isso calejou o grupo, criou uma casca. 70, 75% do grupo é o mesmo. É um grupo que viu coisas diferentes ano passado, foi líder por algumas rodadas e isso era novidade. Agora não é mais. É um grupo que brigou na parte de baixo do Brasileiro, mas se juntou e se sobrepôs às dificuldades. Nesse ano, mentalmente falando, é um grupo muito mais forte.

Tribuna/PRON: Como está sendo trabalhar com o Dado Cavalcanti?

Alex: Ele é diferente do Marquinhos Santos, do Péricles Chamusca e do Tcheco. Tem situações bem definidas, situações novas que foram feitas na pré-temporada, enfatizando sempre a parte tática. Nunca fizemos um treino de 90 minutos, era sempre no máximo 35 minutos.

Tribuna/PRON: Sobre o Bom Senso, as saídas de Seedorf e Paulo André, alguns dos líderes do projeto, para fora do Brasil, atrapalha em alguma coisa?

Alex: Já imaginávamos isso, que o Seedorf poderia voltar para a Itália e ocorrer outras transferências, como foi o Paulo André. Então queríamos criar uma engrenagem, independente dos nomes, para que tudo funcionasse. O Paulo vai continuar participando a partir do momento em que ele se ajeitar na China.

Tribuna/PRON: O Bom Senso, do qual você é um dos líderes, é algo revolucionário no futebol?

Alex: Quando eu vejo o Bom Senso, eu vejo um novo método dos jogadores se posicionarem. É um projeto que me traz orgulho, com jogadores se colocando como pensam.

Tribuna/PRON: Mas já houve algum avanço?

Alex: Avanço prático, nenhum, mas estamos, tendo um ganho visível, que é a participação dos atletas. Se olharmos lá atrás, tínhamos 20, 30 jogadores e hoje são mais de mil. Mas isso não me surpreende, porque eu sei que levaria um certo tempo. Em 2015 vamos ver na prática se vai existir algo.

Tribuna/PRON: A pré-temporada estendida que o Coritiba fez este ano, seria um modelo que vocês do Bom Senso querem colocar em prática?

Alex: A pré-temporada é um desejo do grupo, é uma coisa boa para o futebol. Isso aconteceu no Coritiba porque o Mário André Mazzuco(diretor de futebol) e o Dado Cavalcanti (técnico) resolveram dar um tempo maior de preparação para o chamado time principal e para que os mais jovens pudessem ser analisados.

Tribuna/PRON: Como é o dia a dia do Alex?

Alex: Muito simples. Acordo com as minhas filhas às 7h da manhã. Às vezes levo eles para a escola. Depende também do treino, se é pela manhã ou a tarde. Nada muito diferente de outras pessoas. Meu cotidiano é simples, na maioria do tempo estou em casa, de vez em quando vou pro cinema, teatro.

Tribuna/PRON: Você consegue sair de casa normalmente para ir ao cinema, ao mercado? Não é muito assediado pelos torcedores?

Alex: Das cidades em que eu joguei, Curitiba é a cidade mais tranquila. Eu vou ao Parque Barigui, ao mercado, coisas que eram impossíveis em Minas, São Paulo e Istambul. É um ganho nesse sentido estar em Curitiba. Vem sempre um torcedor ou outro trocar uma ideia, mas muito menor o fluxo do que era nas outras cidades. Levo a vida de um típico curitibano.

Tribuna/PRON: Atleticanos e paranistas te abordam também? Sobre o que vocês conversam?

Alex: Falamos de futebol, falamos do Atlético, da Arena, do Paraná. Eu sou da cidade, acompanho todos os times daqui, tenho muitos amigos atleticanos e paranistas. Sempre com uma abordagem tranquila, nunca tive problema nenhum.

Tribuna/PRON: Alguns jogadores do Coritiba estariam sem receber o pagamento dos direitos de imagem. O presidente Vilson contrapõe afirmando que o clube não utiliza a imagem dos jogadores e que por isso não precisa ser pago. Qual sua opinião?

Alex: Eu acho que se deve, tem que pagar. É contrato. Não tem questão de uso de imagem, é contrato e o cara tem que pagar. Eu concordo com o presidente quando ele diz que contrato de uso de imagem é o uso da imagem, mas não é isso que acontece. É uma coisa muito bem clara. Os contratos do atleta são dois. O da CLT, que é o normal, que a maioria tem, e um outro contrato, de pessoa jurídica, que as pessoas dão o nome de contrato de imagem. E se deve, tem que pagar.