Quem acompanha os jogos de Coritiba e Paraná Clube pode ficar surpreso. Afinal, o que faria a mesma pessoa na comissão técnica de dois clubes rivais? A Tribuna foi atrás da notícia e conheceu os irmãos gêmeos Rodrigo e Gustavo Rezende. Gustavo é fisioterapeuta do Coxa. Rodrigo, preparador físico do Tricolor. “Acho que é uma situação única no futebol mundial. Ainda mais agora, que estamos os dois trabalhando com os times profissionais”, acredita Gustavo.
No dia a dia dos clubes, poucos notaram a semelhança entre os profissionais. Mas no clássico Paratiba do primeiro turno do estadual, não houve como não perceber. “No final do jogo, fomos nos cumprimentar e foi uma situação meio cômica. Todos viram e deram muitas risadas”, conta Gustavo.
Aos 28 anos, eles já escreveram belas histórias nos clubes que defendem. “Fui aluno da escolinha do Paraná. Sempre estive aqui dentro e tenho muito orgulho. Como profissional, são oito anos no Paraná. Passei por todas as categorias, cheguei ao time profissional no ano passado e agora assumi como preparador físico principal”, revela Rodrigo.
Gustavo também tem sua trajetória no Alto da Glória. “Estou no Coritiba desde 2003. Devido minhas pesquisas na faculdade, o clube me convidou e fiz aqui dentro minha monografia. Sou muito grato ao Coxa, que me ajudou a crescer dentro da profissão”, diz Gustavo.
Mas na infância, qual era o time de coração dos irmãos? “Somos de Londrina, já moramos em Belo Horizonte… Não tínhamos uma camisa para defender. Nosso pai é corintiano, mas não pegamos esse gosto. Sempre gostamos de futebol, mas não tínhamos capacidade para ser atletas. Desde cedo vimos o esporte por outro prisma”, garante Rodrigo.
Segundo o preparador físico, a convivência familiar não interfere no trabalho, ou vice-versa. “Entendemos o lado profissional de cada um e torcemos para que os clubes nos valorizem. Cada um defende o seu lado, dentro de uma rivalidade sadia”, ressalta.
E quando a tabela marca um clássico, como no próximo final de semana? “Quem sofre mais é a família”, conta Gustavo. “Minha mãe fica dividida, diz que o resultado é mais importante para ele, porque fica no banco, está mais exposto. Mas não é bem assim.”
As brincadeiras, porém, são inevitáveis. “Digo para ele vetar todo mundo lá, segurar o pessoal no DM. E ele pergunta se o time está correndo bastante, porque vai precisar. Mas sempre mantemos a ética. Nunca falamos para o outro o que está acontecendo dentro de cada clube”, diz Rodrigo.
Mesmo cada um defendendo o seu lado, sempre há uma maneira de torcer pelo irmão. “Quero que ele vença todas e só tropece contra o Coxa. Torço para que seja sempre vice-campeão. Temos o sonho de trabalhar juntos
um dia”, conclui Gustavo.