Vencer o Atletiba e conquistar o Paranaense 2010 foi uma questão de honra para o Coritiba. Afinal, tratava-se de um triunfo necessário para tentar trazer o torcedor de volta ao estádio em uma das fases mais difíceis que o clube já passou em seus 100 anos de vida.
A melancolia começou durante a selvageria do ano passado, logo depois do rebaixamento para a Segundona. O Coxa foi punido com a interdição temporária de sua casa, vai perder 10 mandos de jogo no Brasileiro e terá que migrar temporariamente para Joinville-SC.
Com dificuldades financeiras, a diretoria alviverde apostou na fidelidade dos associados para manter um pouco de alívio no caixa do time. De imediato, o valor de mensalidades e ingressos aumentou, restando ao Coxa arcar com as consequências: perdeu sócios, embora não divulgue oficialmente.
O advogado Rodrigo Sigel, de 28 anos, foi um dos que cancelou sua associação no clube. “Eu pagava R$100 mensais e com o reajuste foi pra R$150. Tudo bem que amo meu time, mas são valores que pesam no final do mês. É difícil pagar sem poder ver meu time em campo”, explica.
Baixas como a de Rodrigo, que ontem precisou pagar R$50 para ir ao Couto com primos e amigos, fizeram com que a média coxa caísse pela metade no Estadual 2010 em comparação com o ano anterior. Dos mais de 10 mil de 2009, restaram 5 mil e 800 atuais – quase metade do que tem o rival Atlético.
Os números são preocupantes, já que na rodada anterior a média era de 4 mil e 200 pessoas, mesclando o público de jogos na Vila Capanema, no Caranguejão de Paranaguá e no próprio Couto Pereira. A média apenas subiu porque mais de 25 mil torcedores compareceram na decisão de ontem.
Como justificativa de arriscar para tentar salvar o clube, o vice-presidente coxa, Vilson Ribeiro de Andrade, deixou seu parecer. “A participação do torcedor é fundamental neste momento. O torcedor é a razão para existência do clube”.
Para a alegria do cartola, depois do título, o povo coxa está mais confiante. Como disse o empresário Assem Najar, presença quase certa no Couto em 40 dos seus 53 anos de idade: “É indiscutível. Creio que vai dar uma motivação extra para que o torcedor se associe e ajude o clube. Eu mesmo continuarei sócio e sempre que puder irei até Joinville assistir o Coritiba. Se cada um fazer sua parte, voltaremos à 1.ª Divisão ainda neste ano”.