Análise

Coxa não sai da crise porque anda em círculos

Mais uma derrota, desta vez para o Grêmio, no último domingo (29), e a pressão sobre o técnico Gilson Kleina volta, mais forte do que em outras oportunidades. Mas é a mesma pressão que o treinador sofreu quando foi anunciado, quando perdeu no jogo-treino para o Toledo, quando perdeu para o PSTC, quando perdeu o título paranaense para o Atlético, quando foi eliminado da Copa do Brasil pelo Juventude, quando perdeu para o Santos no último lance.

Em resumo, é mais uma volta nesse eterno caminhar em círculos que o Coxa vive desde o segundo semestre de 2012 – o ponto de partida é a perda da Copa do Brasil para o Palmeiras. De lá para cá, o Cori monta times mais fracos, sofre com diretorias pouco preocupadas em futebol (ou pouco interessadas, ou pouco conhecedoras), e acaba jogando sempre a responsabilidade para os treinadores.

Há dois pontos que não podem ser esquecidos. O primeiro é que a pressão é da cultura do futebol brasileiro, então isso não é nada anormal. O segundo é que Kleina, como dizem alguns, colabora para ser pressionado. Nesses quase seis meses de Alto da Glória, algumas convicções dele fizeram o time sofrer – primeiro a insistência com Amaral como volante, depois a demora em ajustar o ataque, na final do Estadual a aposta fracassada em Reginaldo, e nos últimos jogos intervenções que não melhoraram a equipe.

Mas em cima destes dois pontos, faço duas perguntas:

1) Será que é Gilson Kleina o problema alviverde?
2) Quem tem certeza que o time melhorará sem ele?

Me arrisco a responder.

Sobre a primeira, repito o que disse sobre o mesmo assunto há dois meses – não sei se é possível fazer muito mais com o Coritiba com os jogadores à disposição. É notória a falta de opções no elenco. Todo mundo sabia, inclusive o treinador. Quer dizer, menos Alceni Guerra, que chegou a afirmar que o Coxa não precisava de reforços, uma candidata fortíssima a ser a declaração mais desastrada de 2016. Talvez seja possível, com todo o elenco, montar um time-base um pouco melhor, mas não vai ser um assombro. Kleina é treinador e não milagreiro.

E com isso respondo a segunda pergunta. Será que com Fernando Diniz o Coxa melhoraria? Seria possível implantar o ‘tiki-taka’? Será que Claudinei Oliveira sairia da Vila Capanema? E com Guto Ferreira? Ou com a volta de Marquinhos Santos? Ou apostando em Deivid? Ou gastando uma grana com um treinador mais conhecido? O problema do futebol do Coritiba é material humano. É preciso contratar – na zaga, na lateral, na armação, no ataque. Kâzim-Richards? Pode ser uma boa, mas é no momento apenas uma aposta.

O problema do Coritiba está na falta de planejamento, no comportamento às vezes amador da diretoria, nas trapalhadas que a atual gestão fez em pouco mais de um ano – e que deixaram o presidente Rogério Bacellar quase solitário, pois seus apoiadores ou o abandonaram ou se julgavam mais importantes que o próprio clube.

Isso será um dia colocado na pauta alviverde? Mais cedo ou mais tarde vai ter que ser. Mas agora é a cabeça de Kleina que está em uma bandeja, e ela pode ser servida para aplacar a ira da torcida se o Coxa não vencer a Chapecoense nesta quarta-feira (01).

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