Entre os mais de 23 mil coxa-brancas que estavam ontem no Couto Pereira, o sentimento foi unânime: a alma foi finalmente lavada e a euforia tomou conta da parte alviverde da cidade, após as tristezas no ano do centenário.
Primeiro porque tudo acabou em tragédia na última vez que o estádio alviverde recebeu um bom público, no rebaixamento contra o Fluminense, em dezembro do ano passado.
Depois porque o time do Alto da Glória esperou quase 20 anos por um Atletiba decisivo dentro de seus domínios, pra poder vingar a final do Paranaense de 1990.
Se dentro de campo o Coxa encarou seu rival com respeito e cautela, o torcedor também levou o mesmo espírito para as arquibancadas. Apesar de algumas faixas de campeão figurarem entre poucos corajosos que peitaram o destino pra comemorar antes da hora, o povão alviverde esperou a hora certa para explodir.
O êxtase total apenas ocorreu na segunda etapa. Mas em partes. Primeiro quando aos 5 minutos Marcos Aurélio balançou as redes. O gol serviu para literalmente fazer com que os coxas ganhassem autoestima e deixassem suas cadeiras de lado para gritar: “Sai do chão, sai do chão, a torcida do Verdão”.
Uma maior confiança veio logo no minuto seguinte, quando o atleticano Tartá arrematou de forma indefensável contra a meta alviverde. No ato, se apenas um milagre poderia salvar o Coxa, Edson Bastos tratou de fazê-lo.
Foi uma defesa até maior que a feita pelo abençoado arqueiro do Coritiba no fim da etapa inicial: depois de um chute certeiro de Paulo Baier, uma magnífica defesa mantinha o placar zerado.
Edson foi ovacionado pela torcida. Antes e depois da explosão definitiva, com o gol de Geraldo, aos 29 minutos. Depois das redes novamente balançadas, a torcida finalmente ganhou confiança para soltar o grito de campeão antes do apito final.
Logo na sequência, o arqueiro alviverde teve novamente seu nome gritado. Os torcedores deixavam claro: estavam agradecendo toda confiança repassada por Edson aos coritibanos, ao ponto de ser novamente comparado com o glorioso Jairo, ídolo dos anos 70.
Por respeito aos ídolos negros, do presente e do passado, houve até torcedor que deixou de lado a euforia para repreender alguns coxas que gritavam: “Danilo, Danilo”.
“Meu camarada, provoque eles como quiser. Xingue de qualquer coisa. Mas se enxergue! Olha pro campo e pro lado, que vai ver se faz sentido exaltar esse cara”, ditou um torcedor ali das sociais, recriminando a exaltação da injúria racial cometida pelo palmeirense Danilo contra o atleticano Manoel.
Mas, fora isso, tudo foi festa. A turma do Vô Coxa só queria saber de gritar o amor por seu time. De alma lavada, os alviverdes invadiram as ruas e comemoraram com buzinaço até não aguentar mais. Coritiba, campeão paranaense de 2010.