Análise

Coritiba prefere o caminho mais difícil pra voltar à elite

Samir Namur, o presidente do Coritiba. Evitar dívidas é correto, mas o Coxa investiu mal neste ano. Foto: Albari Rosa

O discurso de que “é fácil subir pra primeira divisão” já não vale mais há muito tempo. A Série B do Campeonato Brasileiro, guardadas as devidas proporções, é tão equilibrada como a Série A, e mesmo times que deveriam sobrar – Atlético-MG, Internacional e Vasco são bons exemplos – passaram por bons perrengues pra se garantir no G4 ao final da competição. Dito isto, não custa lembrar: o Coritiba é sim o favorito ao acesso neste ano. Ou pelo menos deveria ser.

Depois de oito jogos, o Coxa ainda não demonstrou a segurança necessária para cravar o acesso em uma Segundona de nível técnico abaixo dos anos anteriores. Pelo contrário – apenas nas vitórias sobre Brasil de Pelotas e Vila Nova a equipe foi nitidamente superior aos adversários. Na média, o rendimento alviverde é sempre fraco, chegando a níveis assustadores, como nos jogos contra Oeste, Sampaio Corrêa e Boa Esporte.

E não se pode mais ficar falando em início de campeonato. Oito jogos não são pouca coisa. Temos um mês e meio de Série B, os times estão claramente se posicionando na competição e adversários diretos do Coritiba estão somando pontos. E jogando melhor, caso específico do Fortaleza, que lidera com sobras e passou a ser o time a ser batido.

Já o Coxa não se acerta. Uma irregularidade que preocupa Eduardo Baptista. O treinador tem mérito ao conseguir melhorar um pouco o time – que vinha ainda pior com Sandro Forner. Há mais organização e mais jogadas trabalhadas. Mas o técnico não é milagreiro. Com as peças que tem, não conseguirá muito mais do que estamos vendo nos jogos. Na derrota para o Londrina, por exemplo, o Cori perdeu porque não teve força ofensiva para converter as chances que teve. Não esqueçamos que Wilson fez um dos gols.

E aí mora o principal problema do Coritiba em 2018 – o desacerto do departamento de futebol. Por mais que seja louvável o discurso da diretoria, bradado aos quatro ventos pelo presidente Samir Namur, de que não se pode mais endividar o clube, já sofrendo com os problemas das gestões anteriores, é preciso investir certo. Foram feitas 14 contratações e apenas Alisson Farias parece ter sido um acerto pleno (outras vindas, como Abner e Alex Alves, podem até se afirmar). Seria muito mais correto contratar menos e melhor.

Enquanto o ataque coxa erra gols fáceis, Kléber treina em separado. E ninguém explica o real motivo. Foto: Albari Rosa
Enquanto o ataque coxa erra gols fáceis, Kléber treina em separado. E ninguém explica o real motivo. Foto: Albari Rosa

Isso faria com que outro discurso anunciado sempre – e que foi inclusive plataforma eleitoral da atual diretoria – fosse realmente cumprido. Os jovens jogadores foram lentamente sendo ‘queimados’ e hoje apenas Thalisson Kelven é titular do time de Eduardo Baptista. Vítor Carvalho também seria, em tese. Marcos Moser, Léo Andrade, Matheus Bueno e tantos outros ficaram pelo caminho. Até Julio Rusch virou reserva. A valorização da base valeu como justificativa até certo ponto, e parece ter servido apenas como desculpa durante uma parte do ano.

Confira a tabela e a classificação da Série B!

Ainda há a inexplicável decisão da diretoria em desistir de Kléber. Com apenas sete meses de contrato, o Coxa tenta se livrar do seu melhor jogador (junto com Wilson) sem qualquer tipo de explicação. Praticamente empurrou-se o Gladiador, primeiro para o Fluminense e depois para o Paraná Clube. E jogo a jogo fica evidente que o atacante é muito, mas muito melhor que todos que estão jogando. Fica a sensação de uma birra típica de um torcedor, mas que não deveria ser tratada dessa forma por dirigentes. Kléber é um ativo do Coritiba, poderia estar decidindo jogos e facilitando a vida na Série B. Mas a escolha alviverde foi dificultar o que já não é fácil.

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