O Coritiba corre o risco de jogar longe de casa toda a Série B de 2010, e até mesmo parte do Brasileiro de 2011. Como já era esperado, a procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pegou pesado na denúncia a respeito da selvageria que sucedeu o jogo com o Fluminense, domingo passado, no Couto Pereira.
A denúncia oferecida na tarde de ontem enquadra o Coxa três vezes por desobedecer ao artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) (“deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto”).
Para cada indiciamento a sanção prevista é de perda de 1 a 10 mandos de campo, além de multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil. Se aplicadas, as penas serão somadas.
O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, explicou que o clube foi indiciado uma vez pelas invasões de campo, outra pelo arremesso de objetos no gramado e outra pela desordem promovida no Couto.
Assim, o Alviverde pode ser obrigado a mandar até 30 partidas em estádio a 100 quilômetros ou mais de Curitiba, mas com acesso ao público. A pena seria aplicada somente na Série B de 2010 -em caso de punição superior a 19 partidas, os jogos restantes seriam cumpridos no Brasileiro seguinte.
Para completar, o clube pode ser punido por infração aos artigos 211 (não garantir segurança à partida), que prevê interdição até que sejam providenciadas melhorias no estádio, e 233 (descumprir obrigação legal), que estabelece multa de R$ 10 mil. O funcionário do clube Osvaldo Dietrich, flagrado por imagens no meio da confusão, também vai a julgamento.
O diretor jurídico do Coxa, Gustavo Nadalin, disse que o peso da denúncia coincide com o esperado pelo clube. “Houve certo clamor sobre o assunto, principalmente da mídia nacional”, falou.
A estratégia de defesa será discutida hoje com José Mauro do Couto Filho, advogado e vice-presidente jurídico do Botafogo, contratado pelo Coxa. Segundo Nadalin, por enquanto Couto Filho apenas presta assessoria ao clube, e o responsável por defender o Coritiba no tribunal ainda não foi escolhido.
“Se for necessário, contrataremos outro profissional além dos que temos em nosso quadro”, disse o diretor. O julgamento deve ocorrer na próxima terça-feira, no Rio de Janeiro. Como na quarta o tribunal entra em recesso, o possível recurso só seria apreciado no ano que vem.
Enquanto isso, o estádio continua interditado preventivamente pelo STJD, o que também pode levar o clube a iniciar o Campeonato Paranaense sem teto. A Federação Paranaense de Futebol não esclarece em seu regulamento geral de competições se uma equipe com estádio interditado pode atuar em outra praça da mesma cidade.
