A pioneira iniciativa de abrir a “caixa preta” da administração do Coritiba quase foi ofuscada pelas informações reveladas justamente por ela. Ontem o clube pôs em atividade o seu portal da transparência, uma das promessas da atual gestão, que escancarou os problemas enfrentados pelo clube, mas jogou limpo com o torcedor e garantiu que o futuro pode ser bem mais promissor que o presente.

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“É uma maneira de mostrar que, além de transparente, estamos trabalhando com lisura e pés no chão por um clube forte e sólido”, disse o presidente Rogério Bacellar.

Quando assumiu o comando do Coritiba, a atual gestão sabia que o rombo nas contas era grande. Após uma auditoria, descobriu-se que era enorme: R$ 200 milhões. Após seis meses de trabalho à frente do clube, a diretoria atua em várias frentes para tentar equilibrar as contas, mas mesmo assim acumula um déficit de aproximadamente R$ 15 milhões, saldo de uma receita de R$ 85,516 milhões contra um gasto de R$ 100,969 milhões.

Bacellar espera equilibrar essa conta com parcelamentos e renegociações, possibilitando ao clube a retomada de crédito na praça. “Com as negociações com a Receita Federal e a previdência, teremos novamente a certidão negativa de débitos, liberando valores retidos de patrocínios. Aliado ao apoio dos torcedores, vamos receber mais dinheiro”, disse. Hoje o clube tem R$ 4 milhões para receber da Caixa pelo patrocínio da camisa.
Um dos itens que mais chamou a atenção no portal foi o chamado BIC, Boletim Informativo do Coritiba. É uma espécie de BID, da CBF. Neste espaço o Coritiba listou todos os 75 jogadores profissionais com quem mantém vínculo.

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Atualmente 38 deles estão no time principal, outros 30 compõem o time sub-23 e outros sete estão emprestados.

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O BIC revelou um quadro preocupante projetando o futuro da equipe. O Coritiba não tem 100% dos direitos econômicos de nenhum jogador formado em suas categorias de base.

Poucos contratos longos

Apenas 13 dos 75 jogadores têm contratos mais longos, entre eles os atacantes Rafhael Lucas (contrato até 31/12/19) e Evandro (31/12/2008), as principais apostas do time para retorno esportivo e financeiro. No entanto, o Coxa só tem 70% de Rafhael Lucas e 50% de Evandro.

O enxugamento da folha salarial e novas diretrizes para a condução das negociações com jovens promessas pode mudar esse panorama. Para o presidente, o Unific, unidade criada para observar e avaliar jogadores é o grande projeto de reformulação do grupo.

Sócios

O dado mais positivo, além da existência do portal em si, é o número de sócios adimplentes do clube durante a temporada. De janeiro a junho o número saltou de 16.632 no início do ano para 19.850 em junho (pico de 20.325 em maio), injetando valores importantes para a saúde financeira do clube. A média de torcedores que vão efetivamente ao estádio, no entanto, é de 13.124 por jogo, até o momento foram oito partidas no Couto Pereira.