A contratação de Kléber Gladiador pelo Coritiba pode ser o início de uma nova etapa para os dois lados. Se para o jogador é a oportunidade de recuperar sua imagem, queimada pelos problemas extra-campos, que inclusive o afastaram dos gramados desde novembro de 2014, quando jogou a última rodada da Série B pelo Vasco, para o Coxa é a chance de ter um atleta de referência técnica no elenco, algo como o que o atacante Walter foi na reconstrução que levou o rival Atlético à vice-liderança da competição.
Alavancar o setor ofensivo da equipe, terceiro pior do Campeonato Brasileiro, com quatro gols marcados em sete partidas, deve ser a missão principal do Gladiador com a camisa alviverde. Kléber chega ao Alto da Glória cercado de desconfiança. Em seu histórico recente, pesam contra ele além do alto salário o atleta recebia R$ 350 mil no Grêmio as briga na saída de uma boate e um desentendimento com o ex-treinador da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, fato que o deixou no ostracismo no último semestre, enquanto Felipão comandava o Grêmio.
Já o Coritiba sofre com a falta de referência entre seus atacantes e ainda não encontrou na temporada uma formação capaz de fazer o setor produzir. O único jogador da posição que este ano rendeu foi Rafhael Lucas, com 15 gols marcados.
Atacante tem deixado a desejar
Mas a aposta alviverde pode esbarrar no desempenho recente do avante. Kleber teve trajetória surpreendente em suas primeiras três temporadas após retornar da Europa, entre 2008 e 2010, marcando 60 gols em 132 jogos, por Palmeiras e Cruzeiro, levando a Raposa à final da Libertadores, mas as últimas quatro temporadas do jogador foram marcadas por lesões, confusões e pouco destaque em campo.
Entre 2011 e 2014, Kléber passou por Palmeiras, Grêmio e Vasco e nos 177 jogos que disputou marcou apenas 46 vezes, vendo sua média cair pela metade. Se nos primeiros três anos anotava praticamente um gol a cada dois jogos, agora marca um a cada quatro.
Produtividade
Diante da queda de produção e da falta de mercado do avante, o Coritiba deve manter a política adotada na contratação de Marcos Aurélio, estabelecendo cláusulas de produtividade no contrato.
O acordo com o atleta deve ser assinado hoje, após saírem os resultados dos exames médicos.
Velhos conhecidos
Ao chegar ao Coritiba, Kléber terá a oportunidade de formar uma dupla de ataque com Wellington Paulista pela terceira vez na carreira. A parceria, conhecida das torcidas de Cruzeiro e Palmeiras, começou entre 2009 e 2010, na Raposa, quando os dois eram titulares chegaram ao vice-campeonato da Libertadores em 2009. Entre Campeonato Mineiro, Brasileiro e Libertadores, nas duas temporadas, foram 29 jogos juntos, com 28 gols marcados pela dupla, sendo dez por Wellington Paulista e 18 por Kléber.
O reencontro foi no Palmeiras, no Brasileirão de 2011. A breve estada palmeirense de Wellington Paulista que chegou em abril e saiu para o Internacional em junho contou com um atrito entre o jogador e o então treinador alviverde, Luiz Felipe Scolari. Pelos paulistas foram apenas quatro jogos juntos, com apenas um gol marcado por Kléber no período, antes de Wellington Paulista ser negociado.
Paulinho
Outro jogador do elenco alviverde conhecido de Gladiador é o atacante Paulinho. Os dois atuaram juntos no Grêmio, em 2014. Em janeiro do ano passado, quando realizavam pré-temporada, Kleber e Paulinho, então revelação da base gremista, se envolveram em uma confusão na saída de uma boate de Porto Alegre, mas nada foi feito com os atletas, que estariam de folga e não chegaram a registrar ocorrência policial.
Kléber em momento de discussão. Algo corriqueiro na carreira. |
Cabeça quente no passado
Kléber coleciona confus,ões por quase todos os clubes que passou. O jeito explosivo do atacante apareceu na primeira passagem pelo Palmeiras, em 2008, quando acertou uma cotovelada no zagueiro André Dias, do
São Paulo.
No Cruzeiro, voltou a se desentender com outro são-paulino, Richarlyson, ao acertar um tapa no meia. “No Ricky sempre dói mais”, respondeu. A saída do clube mineiro para voltar ao Palmeiras, em 2010, foi polêmica. Ele participou de uma festa da organizada Mancha Verde, do Palmeiras, irritando torcedores e dirigentes cruzeirenses.
Em 2011, no clube paulista, Kléber foi especulado pelo Flamengo. Após a novela não se concretizar, em jogo contra os cariocas, ele não devolveu uma disputa de bola ao chão e os flamenguistas partiram para cima dele.
Já com Felipão no comando do Palmeiras, a vida do Gladiador ficou complicada. Foram inúmeros desentendimentos entre o treinador e o atacante, que chegou a liderar uma tentativa de motim contra o técnico.
Em 2014, quando defendia o Vasco, ele deu um tapa no zagueiro Alisson, do Paraná, que desabou no chão. Na sequência, Kléber sofreu pênalti. O goleiro Marcos defendeu a cobrança do próprio atacante. Antes, também em 2014, no Grêmio, Kléber e Paulinho (hoje também no Coxa) se envolveram em uma confusão na saída de uma boate, em Porto Alegre. Com a chegada de Felipão ao clube gaúcho após a Copa, o Gladiador ficou treinando em separado.