Demitido do comando do Coritiba no início da noite de segunda-feira (27), o técnico Paulo César Carpegiani disparou contra a diretoria alviverde. O treinador, depois de apenas seis jogos disputados nesta temporada, não conseguiu fazer o time coxa-branca jogar bem e, a eliminação na segunda fase da Copa do Brasil para o ASA, em pleno Couto Pereira, culminou com a saída do treinador. O ex-técnico pontuou a falta de convicção dos cartolas quanto ao planejamento para o departamento de futebol do Coxa.
Carpegiani, ao final da última temporada, quando livrou o Coritiba do rebaixamento, não demonstrou vontade em renovar com o clube. A diretoria alviverde insistiu, o contrato foi estendido. E, agora, o Coxa terá que pagar a multa rescisória do treinador. Terá que gastar, segundo o técnico, um dinheiro desnecessário e que pode fazer falta ao clube.
“Primeiro eu acho uma falta de convicção. Eu não havia muita vontade da renovação, mas foi insistido e eu acabei renovando. Iniciamos uma pré-temporada com muitos problemas, pois muitos jogadores estavam lesionados e não fizeram a preparação adequada e isso reflete até hoje, tanto é que três jogadores nem estrearam ainda. Isso mostra a falta de convicção. Financeiramente o Coritiba poderia ter se privado disso, não precisava ter renovado comigo. Agora vai ter que tirar do bolso um dinheiro desnecessário. O grande prejudicado foi o próprio Coritiba”, afirmou Carpegiani, em entrevista à rádio Transamérica.
“Foram quatro jogos no Estadual, 58% de aproveitamento. Na véspera do clássico com a possibilidade de ganhar e poderia melhorar esse rendimento. Fizemos um mau jogo (contra o ASA) isso por causa da troca constante de jogadores que atuavam e lesionavam. Jogadores importantes que ficaram de fora. Casos do Rildo, Alan Santos, o próprio Neto Berola. Isso acaba prejudicando. Já não tem essa repetição. Essa falta de convicção foi a coisa mais fundamental para que ocorresse isso”, prosseguiu o treinador.
Carpegiani detonou também a forma que o elenco foi montado. Segundo ele, dos nomes discutidos e pedidos pela comissão técnica, somente três foram trazidos. O treinador não quer ficar taxado como o principal responsável pelas contratações realizadas pelo Coritiba neste início de temporada.
“A comissão técnica se reuniu no fim do ano, apresentou uma lista com nomes pontuais. Vieram apenas dois ou três. Na medida que não conseguiam um ou outro traziam atletas com características semelhantes, mas diferente do pedido. Não quero falar em nomes, mas não quero ser taxado depois como o responsável por essas contratações. O trabalho estava no início. Não estávamos apresentando um bom futebol, temos consciência, mas não pode se apavorar desse jeito. Isso é trágico quando ocorre. A medida que você não tem centralização do futebol, não tem convicção, você tem o problema e essa é a grande dificuldade que enfrentamos no Coritiba”, emendou.
Ambiente
Carpegiani comentou ainda sobre um possível clima ruim entre ele e os jogadores. O treinador, na sua passagem, ficou marcado por declarações confusas e até desastrosas. Porém, o ex-comandante do Coxa negou qualquer tipo de problema de relacionamento com o time coxa-branca.
“Isso são comentários que aparecem agora, que é levantado muito por políticos do clube e pelo pessoal da imprensa. Mas não existe isso. Sempre tratei os jogadores olhando nos olhos, com lealdade e honestidade. Se houve isso foi muita falsidade porque sempre dei liberdade a eles. Conversava muito sobre escalação e ouvia muito eles. Acredito que isso é conversa, não existe isso. O que existe é que perdemos para um time que não poderíamos e a culpa cai sempre no treinador. Acabei pagando o preço. Tudo aquilo que for criado, com esse negócio de relacionamento, é absurdo”, arrematou Carpegiani.