No domingo (31), às 16h, a RPC reprisa o jogo que deu o título brasileiro de 1985 ao Coritiba no duelo contra o Bangu diante de um Maracanã lotado. Aproveitando essa lembrança, a Gazeta do Povo e a Tribuna do Paraná procuraram campeões alviverdes para falar sobre o título histórico para o clube.
Veja depoimentos inéditos:
Almir, volante
“Foi muito importante na minha carreira, eu algumas vezes tinha chegado perto do título. Pelo Coritiba chegamos em terceiro e em quarto colocado, em 1980 e em 1979. Depois no São Paulo eu fui vice. Então, voltando ao Coritiba e prestes a encerrar a minha carreira, eu tinha esse propósito. Fui feliz e acabei sendo premiado com esse campeonato. Para mim é de grande relevância. Eu sou sempre lembrado pela torcida, pelo pessoal da imprensa, quando vou para Curitiba. É muito gratificante”.
“O que ficou mais marcado para mim foi todo o grupo, sem exceção. Desde o pessoal que trabalhava no campo, no administrativo, todos empenhados para conseguir essa conquista. Todos participaram de uma maneira ou de outra e foram fundamentais. E a alegria não só nossa, mas do povo, da torcida coxa-branca, quando chegamos em Curitiba e depois do jogo no Maracanã. Foi a coroação de tudo aquilo que a gente passou durante o campeonato”.
Escute uma parte da entrevista com o Almir:
Dida, lateral
“Ter sido campeão brasileiro foi sem dúvida nenhuma o título mais importante que eu tenho no meu currículo, nós estamos falando há quase 35 anos sobre isso. Eu joguei em vários outros clubes e só conquistei esse título uma vez, por isso a importância é maior ainda. No Brasil eu não sou lembrado por jogar no Corinthians e no Palmeiras. Sou lembrado por ter sido campeão brasileiro pelo Coritiba. Foi muito legal fazer parte disso, foi o meu primeiro campeonato, era tudo novidade, foi muito intenso. Não tem como esquecer”.
“O jogo todo final foi emocionante. Não foi um dos melhores jogos do Coritiba, mas a gente entende que éramos superiores porque já tínhamos passado por situações bem mais difíceis, sem desprezar o Bangu. A final é um jogo diferente, tem um nível de emoção, ainda mais como foi. Um jogo só, no Maracanã, o Castor de Andrade tinha um poder muito forte, tínhamos 10 mil torcedores contra 90 mil que se uniram para torcer para um clube que todo mundo gostava, o Bangu, que tinha grandes jogadores. Foi muito emocionante. O momento dos pênaltis foi a coroação de um grupo que merecia. Time vencedor”.
Escute uma parte da entrevista com o Dida:
André, lateral
“Esse título é inédito na história do Coritiba, ele é muito grande e histórico. É muito difícil você ser campeão de um país de dimensões continentais. O mapa do futebol brasileiro era Rio, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A gente fez com que esse mapa se estendesse. Tem que fazer reverência aos 25 jogadores que fizeram parte daquele elenco. Onde a gente vai somos lembrados por ele. Eu sinto um orgulho tão grande toda vez que eu vejo um torcedor com a camisa do Coritiba e sobre o distintivo tem uma estrela que eu tive uma participação. De 29 jogos, eu joguei 26. Eu sou o terceiro que mais jogou e o segundo que mais ajudou matematicamente falando. De 31 pontos, eu ajudei a conquistar 28. É um feito fantástico”.
“O que marcou muito foram as grandes vitórias contra os grandes times do Brasil. É muito difícil ganhar de um São Paulo, de um Cruzeiro, aqui e fora. E se é para ver uma coisa linda e maravilhosa, além do empenho e dedicação de todos, vamos ver o gol do Índio na final, ver e rever. Não foi um gol, foi um show. Outro momento lindo foram as cobranças de pênaltis. A firmeza, a segurança, a categoria e a tranquilidade com que cada jogador caminhava para a bola, diante de 100 mil pessoas. Tudo é lindo, cada carrinho, cada passe, cada lance, cruzamento. O que ganhou foi o conjunto, a união do clube, que fez com que fosse um dos únicos campeões brasileiros até hoje”.
Escute uma parte da entrevista com o André:
Vavá, zagueiro
“Eu sou natural de Guaratuba e sempre ia nos jogos com o meu pai e torcia só para o Coritiba. Entrei na categoria infantil e em 1980 comecei a treinar no profissional. Em 1985 passamos por bons e maus momentos, mas chegamos na final contra o Bangu. Eu estava no banco, entrei na prorrogação e fui bater os pênaltis. Conseguimos o título muito difícil, fora de Curitiba, demos a volta olímpica no Maracanã, isso foi muito bom para nós principalmente que éramos da casa. Eu, o André, o Gil, o Eliseu, o Gerson. Ficamos marcados, um título inédito. Foi um presente para o meu pai. Até me dá um negócio de falar (voz embargada)”.
“Quando posso ir nos jogos, sempre tem aqueles torcedores um pouco mais velhos, que conversam com a gente, querem tirar foto, querem falar do time. O reconhecimento é muito bom. A torcida do Coritiba é maravilhosa. De 10 torcedores, 8 ou 9 perguntam do pênalti, que estava 5 a 4 pro Bangu, não sabia que ia estourar nos meus pés. Tinha que fazer o gol do empate para ir no mata-mata. Bati com força, empatei, daí o Gomes fez sexto gol. É uma grande alegria, a gente chega hoje a sonhar com a volta olímpica, o pessoal indo embora do Maracanã e a torcida do Coritiba festando. Quando a gente relembra, não tem dinheiro que pague”.
Escute uma parte da entrevista com o Vavá:
Rafael, goleiro
“Na minha carreira foi o suprassumo, chegamos ao topo do campeonato brasileiro, coisa que grandes clubes não conseguiram até hoje. E chegamos em uma época que só tinha times feras. Hoje, em comparação com 1985, pegando os outros adversários é uma “teta”. Se você ver a escalação dos outros times daquela época, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Atlético-MG, se você verem, eram todos selecionáveis. E nós conseguimos chegar ao topo. Até hoje, toda vez que eu vou para Curitiba sou muito bem recebido. Me param na rua, batem foto, me pagam café, vamos comer um pastel. Isso vai ser eterno”.
“O que ficou mais especial foi a defesa que eu fiz contra o Atlético-MG. Se perdesse estávamos fora. O Ênio até brincou, hoje é seu dia, não podemos tomar gol. Aí é difícil. Goleiro que não pode tomar gol e centroavante que não pode fazer gol eu nunca vi. Mas vou tentar. Graças a deus deu tudo certo. Aquele jogo levou a disputar o título com o Maracanã. Ninguém em sã consciência esperava o estádio lotado como nós encontramos. Só o Ênio previu isso. Tanto que nós saímos do hotel as 16h30 do hotel. Eu até brinquei com ele, perguntei se estava louco. Jogo 21h30. “Você vai ver como está aí fora. Casa vai estar cheia”, ele respondeu. Eu pensei que Bangu e Coritiba na final do Brasileiro, ia dar 20 mil, 30 mil no máximo no Maracanã. Mas lotar ia ser difícil. Tinha 114 mil pagantes dentro do estádio”.
Escute uma parte da entrevista com o Rafael:
Índio, atacante
“A importância do título é imensa, tanto para mim como para a torcida do Coritiba. Lutamos para isso, batalhamos, eu e os demais jogadores, os 25 daquele elenco participaram e todos têm a mesma glória. Ficamos marcados na história do Coritiba. Ele foi muito importante na minha vida pessoal também. Hoje eu moro no Rio de Janeiro, mas onde eu sou mais reconhecido é em Curitiba. Quando eu chego aí é uma felicidade muito grande sentir a alegria dos torcedores. Está guardado na memória até hoje”.
“Um dos momentos mais marcantes na minha vida foi a final e principalmente o gol de falta. Isso ficou bastante marcado. Depois o pênalti que eu bati, o primeiro. Eu era o batedor oficial do Coritiba e estava determinado que eu iria bater o último pênalti, mas a pedido dos próprios jogadores, eu bati o primeiro para dar confiança para os demais. Eu treinava muito e todos que eu bati pelo clube, nunca errei. O saudoso Ênio Andrade autorizou, eu bati o primeiro, normalmente, deu tranquilidade para os demais jogadores converterem em gol e nós saímos com o título brasileiro”.
Escute uma parte da entrevista com o Índio:
Veja documentário sobre os 30 anos da conquista:
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