“Não me arrependo de ter assumido a presidência porque nasci coxa e vou morrer coxa, assim como toda a minha família”. Foi com esta declaração que marejaram os olhos de Rogério Portugal Bacellar, na última entrevista concedida por ele como a maior autoridade do Coritiba. O adeus não poderia ser mais melancólico, já que os dirigentes vieram a público para justificar, ou pelo menos tentar, a queda do time para a Série B. “O Coritiba foi rebaixado porque futebol é futebol”, resumiu.
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“Eu e todo o meu G5 estamos muito tristes. Eu assumo total a responsabilidade pela queda. Peço desculpas aos nossos sócios. Tentamos, mas não deu certo. Agora é o Coritiba renascer de novo para voltar a primeira divisão em 2019”, reconheceu. No entanto, ele não poupou alfinetadas para comissão técnica e jogadores.
O presidente não escala o time, não bate pênalti, não faz algumas inversões que o treinador fizeram. Você acredita nos atletas e acredita no treinador. Tive várias conversas com o Marcelo, como já tinha tido com o Carpegiani, com o Pachequinho, e às vezes existe muita teimosia por parte do treinador. E mesmo não concordando, o treinador tem liberdade para escalar o atleta que ele quer. Nós tínhamos alguns atletas que poderiam ter sido aproveitados melhor”, disparou, referindo-se especialmente ao meia Daniel (que ficou lesionado em boa parte da temporada) e do alemão Baumjohann, poucas vezes utilizado por Marcelo Oliveira.
Antes do Brasileirão, porém, o presidente garantiu que o time tinha um dos melhores elencos do Brasil. “Comentei mesmo, porque se eu não acreditasse, quem iria acreditar? E time começou unido nas seis primeiras rodadas, mas daí teve aquele lance contra o Bahia que desestabilizou o time. Mas tivemos jogadores que chamaram e continuam chamando a atenção de outros clubes. Outros, não renderam o esperado. Se não deu certo, paciência”, reconheceu.
O episódio ao qual Bacellar se refere, contra o time baiano, foi o ato de indisciplina de Kléber, que cuspiu no volante Edson no empate em 0x0 contra o Bahia. Depois do episódio do Kléber contra o Bahia (cusparada na 7ª rodada) baixou um baixo astral tremendo no elenco. Ali foi o divisor de águas. Eu não sei se outro jogador no lugar dele faria a mesma coisa. E o árbitro entrou em campo pensando em punir alguém. Só mostraram as faltas que o Kléber fez. Nós perdemos o capitão foi isso aí que desintegrou o pensamento de jogadores”, acredita.
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O dirigente lamentou, ainda, a falta de dinheiro para investir mais no futebol. “Se nós tivéssemos receita maior nós teríamos um time mais competitivo. Entrou o dinheiro do Esporte Interativo para pagar conta. A dívida do Coritiba só parou de aumentar na minha gestão. Eu gastei dentro do orçamento que foi previsto”. Por isso, Bacellar é enfático. “Meu dever teria sido cumprido se eu deixasse o Coxa na primeira divisão. A torcida quer futebol, mas se investisse todo o dinheiro do administrativo, estaríamos na primeira divisão, mas com o dobro de dívida”, conclui. A diretoria entregará o clube aos novos comandantes com uma dívida de R$ 200 milhões, estabilizada.