O Coritiba foi o único do Trio de Ferro que apresentou balanço financeiro referente ao ano de 2011 dentro da data estipulada por lei. Coincidentemente, Atlético e Paraná, que trocaram de diretoria no ano passado, ainda não mostram os números da temporada passada.
A publicação do balanço é uma exigência prevista na lei 9.615/98, que teve incorporada a medida provisória 39, em 2003, no ato que foi chamado de moralização do futebol, após a CPI do Futebol. A partir de então, os clubes ficaram obrigados a tornar públicos os números até o último dia útil de abril e sob risco de receber penalização.
Mas para isso é preciso que o Ministério Público cobre o descumprimento da lei. O dirigente que não obedecer o que está previsto pode ser afastado do cargo e, além disso, ter todas as suas determinações e resoluções administrativas anuladas a partir do dia que infringir a lei. O cartola ficar proibido ainda de participar, por cinco anos, de qualquer entidade maior do esporte. Os clubes podem também receber multas por conta da falta de transparência.
Ainda que tenham assumido recentemente os clubes, os presidentes Mário Celso Petraglia e Antônio Carlos Bettega, do Atlético, e Rubens Bohlen e Benedito Barboza, do Paraná, é que respondem pela ausência de transparência. Os dirigentes foram empossados antes do final de 2011 e são responsáveis diretos pela apresentação do balanço.
No Furacão, o conselho deliberativo chegou a se reunir, mas acabou retirando o balanço da pauta de votação por não concordar com os R$ 20 milhões que teriam sido repassados pela Rede Globo como luvas por conta da renovação do contrato de direitos de transmissão. A atual diretoria alega que o valor precisa ser parcelado. Com isso, o clube deixaria de ter superávit apresentando déficit em 2011. O clube deixou a ata da reunião que aconteceu no dia 24 de abril em aberto para acrescentar apenas a questão referente ao balanço. Porém, o clube ainda não tem definida nova data para que os conselheiros votem os números referentes a 2011.
No Paraná, alguns problemas internos na transição financeira impediram o clube de publicar o balanço em tempo hábil. A diretoria deve ter o balanço revisado até amanhã, mas como o conselho não vai se reunir antes da próxima semana, a publicação deve atrasar mais alguns dias.
Conquistas abonam o Coxa
O bom ano de 2011, com a conquista do Campeonato Paranaense, o vice na Copa do Brasil e a sequência de 24 vitórias – feito inédito no futebol mundial -, não rendeu apenas uma exposição maior ao Coritiba. A temporada também trouxe um crescimento financeiro considerável ao clube.
Só a receita operacional teve um aumento de 116%. Em 2010, o clube apresentou R$ 30,600 milhões, passando para R$ 66,400 milhões em 2011. A boa campanha na Copa do Brasil foi um dos maiores responsáveis pela arrecadação crescente no ano passado, aliada ao retorno à Série A do Brasileirão. As cifras chegaram a marcas impressionantes. Em 2010, o Coxa lucrou R$ 15,823 milhões, e em 2011 chegou a R$ 37,514 milhões. O total conquistado mostrou uma arrecadação de R$ 21 milhões a mais nos cofres, que representaram 137% de crescimento. Os patrocínios também foram muito maiores e passaram de R$ 2,230 milhões para R$ 5,529 milhões (aumento de 156%).
Uma das fontes que também impactaram no aumento da receita foi o grande número de sócios que o Coxa atraiu na temporada, em especial no período da Copa do Brasil, chegando à casa dos 31 mil sócios. O clube arrecadou R$ 17,462 milhões. Em 2010, esse número não chegou a R$ 10 milhões.
Uma novidade do balanço este ano foi a confirmação de reavaliação dos bens materiais do clube. O laudo foi apresentado à diretoria em setembro do ano passado. O Couto Pereira está avaliado em R$ 130,970 milhões e o CT da Graciosa em R$ 147,440 milhões. A construção de uma nova casa coxa-branca voltou à tona j&a,acute; em 2011, e com a publicação da avaliação dos imóveis com valores atualizados aumentam a especulação de que o Couto Pereira pode virar moeda de troca no projeto do novo estádio.