As histórias do massoterapeuta João Miranda

Se o Coritiba está num ano de festa pelo centenário, o massagista João Miranda não deixa por menos e comemora 50 anos de futebol. Quase todos divididos entre Rio Branco, de Paranaguá, e Coritiba e distribuindo muita alegria para jogadores, treinadores, e a imprensa que acompanha o clube no dia-a-dia.

E, para quem vê da arquibancada, o baixinho que não revela a estatura não sabe como é a figura de perto. Sempre que vê alguém diferente no CT da Graciosa já dispara o tradicional “jogou: onde?” com olhar desconfiado para, em seguida, soltar a gargalhada.

Mas não é só isso. Imitador de treinadores, ele conta para o Paraná-Online porque faz isso e até quando pretende ir com a massoterapia (como ele prefere chamar a profissão).

Paraná-Online – Então este ano completa 50 anos de futebol?

João Miranda – Em 1959, estava num jogo Rio Branco x Estiva, perto do alambrado, caí, me machuquei, fui atendido por Tião, massagista do Rio Branco. E naquele momento passei a gostar da massoterapia. Comecei no Rio Branco, em pequenas massagens e fiquei 25 anos lá. Saí como tesoureiro e vim para Curitiba.

Paraná-Online – Como é que veio ao Coritiba?

Miranda – Trabalhei em clubes amadores enquanto fazia o curso de massoterapia. Quando terminei fui convidado pelo Chapinha (Otacílio Gonçalves, então técnico). Estava numa academia e ele com os jogadores. Olhou para mim e perguntou se não poderia ir para o clube na função de massagista. Disse: claro! Era um sonho meu ser massagista do Coritiba e foi concretizado.

Paraná-Online – Já torcia pro Coxa?

Miranda – Desde pequeno, em Paranaguá.

Paraná-Online – Em quem, citando os mais famosos fez massagem?

João Miranda – Em 1962, o Santos foi jogar em Paranaguá. O massagista deles teve um problema intestinal e me chamaram para atender o Santos. Tive o orgulho de massagear o Pelé. Não é brincadeira. Só que sempre falo, não tinha DVD, como é que vou provar?

Paraná-Online – E mais quem?

Miranda – O Alex. Convivi com ele desde o infantil e fomos campeões pelo aspirante. Essa meninada de 1993 para cá passou por mim.

Paraná-Online – No dia-a-dia, como é o seu trabalho?

Miranda – Começo às 7 horas, preparando tudo para os jogadores, e, quando o treino é à tarde, paro somente 8, 9 horas da noite, quando vou para casa. “Moro” aqui no CT, ou no Couto. Em casa, dificilmente estou. É a vida que tenho.

Paraná-Online – E as brincadeiras com os jogadores, treinadores…

Miranda – Estava em casa com problemas sérios e, para desabafar, pensei então em brincar. Nessa brincadeira, você extravasa tudo o que você tem no coração e começa a se tornar uma criança, leva a vida brincando e faz aquilo que o jogador precisa, que é relaxar. Dentro da concentração faço isso porque não é fácil, alivia a pressão. Quando tem problemas, não tem resultado, entro em cena para que os jogadores relaxem.

Paraná-Online – E quais são as brincadeiras?

Miranda – “Jogou aonde?” Começo a cantar “Estou ficando atoladinha, estou ficando atoladinha’, os jogadores gostam e sou benquisto aqui.

Paraná-Online – E as imitações?

Miranda – Todos os treinadores que vêm aqui saíram imitados. O Ivo também, ele sabe. Estes dias, o Antônio Lopes me ligou e perguntou: “Tá me imitando muito,?”. O Lopes era o “Avança, Jucemar” (faz com a voz do Delegado). Tudo gente boa, todos gostam de mim, não houve um desafeto e sempre que me encontram ficam muito alegres.

Paraná-Online – Mas a gargalhada na cara do Edmundo ficou marcada. Como foi?

João Miranda – Foi na segunda vinda do Ivo. Contra o Cruzeiro, nós estávamos ganhando por 3 a 2 e o Edmundo foi expulso, estava atendendo o Reginaldo Nascimento e, quando ele passa por mim, grito “ô juvenil” e “jogou aonde?”. Ele não escutou e passou em rede nacional. Ele soube e disse que iria me pegar, mas num jogo aqui ele disse estava tudo bem.

Paraná-Online – E o futuro?

Miranda – Agradeço a Deus porque até agora parece que estou menino ainda, tenho muita saúde. A hora que “Ele” quiser que pare, eu paro.

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