Alex diz que prefere fazer ‘jogo 1000’ em casa

Se tivesse combinado, não daria tão certo. Ao entrar no prédio da RPCTV, nas Mercês, Alex cruza com Lúcio Flávio. O camisa 10 do Coritiba e o camisa 10 do Paraná Clube conversam sobre o Bom Senso F.C., tratam de amenidades e se despedem. Ao entrar no estúdio da ÓTV, lá está Paulo Rink. O assunto passa a ser a matéria do ex-jogador atleticano e hoje vereador que estava nas páginas da Tribuna de ontem. “Garoto de ouro? Só se o jornal for de 1993”, brincou o jogador alviverde. “Eu tô contando uma história de antes de eu ir pra Santa Catarina”, justificou-se Rink, na base da galhofa.

O ambiente ficou mais sossegado para Alex. Ele não é exatamente um cara que se sente à vontade diante das câmeras e dos microfones. Ao ouvir um pedido para se soltar, a resposta é direta. “Não consigo, eu sou estressado mesmo”. Mas a presença de pessoas conhecidas tranquiliza o jogador, que segue o périplo de divulgação de sua milésima partida. “Eu estou muito satisfeito. Se eu terminasse a carreira agora, com 999 jogos, pode ter certeza que eu estaria realizado”, garante. Ele já consegue fazer brincadeiras. “A importância do primeiro jogo? Se não fosse ele a gente não estava aqui”, apontando para os jornalistas do GRPCOM que participavam com ele do ÓTV Esporte de ontem.

Alex era um garoto, hoje é um homem de 36 anos. O garoto, mesmo já sendo reconhecido pelos torcedores, podia caminhar pelas ruas da cidade com certa tranquilidade. Agora é quase impossível. “A última vez que andei na Rua XV foi há dois anos. Estava chovendo e eu fui de capuz, aí as pessoas não me reconheceram”. Mas ele é da cidade, integrado ao ambiente local. Escolhe com a esposa as escolas onde os filhos (duas meninas e um menino) vão estudar, passeia na medida do possível, anda de ônibus.

Sim, anda de ônibus. “Quando estava na Turquia e vinha para cá nas férias, eu precisava ir no médico perto do Couto Pereira. E saía da Água Verde pegando o expresso. As pessoas olhavam para mim e achavam estranho, vai ver que não acreditavam que era eu mesmo”, conta Alex. “Quando teve o Footecon ano retrasado, pedi pra minha esposa me deixar no Batel mas falei o lugar errado. Aí peguei o (ônibus) Vila Sandra e parei na frente de onde é agora o shopping Pátio Batel. O Reginaldo Nascimento (ex-jogador do Coritiba) pensou que eu estava de sacanagem”.

O garoto do Atuba rodou o mundo, vestiu a camisa da seleção brasileira, ganhou tudo que podia como jogador. Vencedor na Turquia, vencedor em São Paulo, vencedor em Minas, optou pela Curitiba que o viu surgir – e pelo time que torcia sentado no concreto do Couto Pereira. Falta, talvez, uma conquista bem mais difícil – mudar a mentalidade do curitibano. “A gente é muito autofágico. O que se faz aqui, se é feito em São Paulo, é muito mais valorizado. E pensamos pequeno. Isso tem que mudar”, finaliza Alex.

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