Se na Libertadores a corda está no pescoço, e a equipe ainda precisa torcer contra alguns adversários, no paranaense o Coritiba vai muito bem, obrigado. Ontem à noite, em horário “inovador” e não muito aprovado pela torcida (apenas 2.651 pagaram ingresso), o Coxa venceu o Francisco Beltrão, assumiu a liderança isolada do Grupo D, com nove pontos ganhos. Para tanto, foi beneficiado pelo empate entre Paranavaí e Londrina (1 a 1), deixando as duas equipes em segundo com sete pontos.
O Coritiba ainda tem dois jogos nesta fase, e com uma vitória sobre o Londrina, soma pontos necessários para jogar a última rodada já classificado. Já o Beltrão, sofreu sua terceira derrota consecutiva, e cumpre tabela nos dois jogos finais.
O jogo marcou a estréia do centroavante Tuta, que manteve a escrita marcando um gol em sua primeira partida pela equipe do Alto da Glória.
Mas a partida não começou bem para o Alviverde. O time parece ter trazido alguns resquícios da noite da última quinta-feira, quando perdeu sua segunda partida pela Libertadores para o Rosario Central. Entrou sonolenta e com o meio-de-campo muito distante do ataque, abrindo espaços para as ações do Francisco Beltrão.
A exceção foi uma jogada bem no início, quando Laércio recebeu passe de Ígor, ingressou livre na área e fuzilou em cima do goleiro Cássio. O time do Sudoeste paranaense aproveitou os espaços cedidos pelo Coxa, e passou a dar as cartas no jogo. Mesmo com um ataque ineficiente, dominava o meio-campo, trocava passes com facilidade e só não marcava pela ausência de um centroavante de ofício ou pelas falhas no último passe.
Foi desta maneira que a torcida começou a se irritar com a lentidão do Alviverde, que parecia estar atuando no Anilado, obrigando Fernando a trabalhar bastante, ora interceptando bolas alçadas na área, ora fazendo defesas fáceis.
De tanto ceder espaço ao adversário, o Coxa sofreu o castigo. Aos 28?, Guinei recebeu passe em profundidade de Maurício, avançou até a linha de fundo e cruzou na medida para Vilmar escorar com estilo e abrir o placar.
Acordado
O gol, muito comemorado pelo Beltrão, foi também a senha para acordar o Coxa. A equipe do técnico Antônio Lopes percebeu que estava em casa, passou a forçar jogadas pelos dois flancos, iniciando um domínio das ações. Tanto que apenas três minutos depois do primeiro gol, teve grande chance com Tuta carimbando a trave numa cabeçada indefensável para Cássio. Mas, um minuto depois, brilhou a estrela do estreante, que chapelou o zagueiro Guinei, e colocou no fundo da rede de Cássio, que nada pôde fazer.
Até o fim do primeiro tempo, o jogo voltou ao controle coxa, que criou ainda mais oportunidades, obrigando Cássio e sua defesa a trabalhar bastante, ou contar com a sorte, quando Ricardinho e Tuta (um atrapalhando o outro) perderam gol feito no fim da etapa.
No intervalo, Lopes sacou Ígor para colocar Capixaba. Com isso, acertou o setor de meia-cancha, liberou a ação dos laterais e o Coritiba melhorou muito. Tanto que o time alviverde venceu a batalha pelo setor de criação, sufocando o Beltrão em seu campo de defesa. Não precisou de muito tempo para virar o placar. Aos 8, Jucemar cobrou escanteio na esquerda. Lima cabeceou para trás, e Nascimento só teve o trabalho de cumprimentar de cabeça, para marcar o gol da virada.
Mantendo o ritmo, a pegada e em ritmo de treino, o Coritiba ia dominando as ações em todos os setores do campo.
Foi uma questão de tempo para sair o terceiro. Ricardinho, que substituiu muito bem Adriano, na meia-esquerda, encontrou Capixaba livre na área. Ele acertou o canto baixo esquerdo de Cássio.
Neste momento, apesar da boa aplicação tática, o Beltrão mais nada podia fazer. Mas o técnico Jairo Scheid ainda tentou de tudo para evitar a eliminação precoce, ao queimar a regra três e substituir Róbson (que entrou no primeiro tempo por contusão de Vilmar), por Dino e Maurício por Enéas.
As novas peças porém, não renderam o esperado e o Coritiba, já satisfeito com o resultado, só teve o trabalho de manter a posse de bola o maior tempo que pode, até o apito final do bom e discreto árbitro Sandro Schmidt.
Prevaleceu a qualidade de Capixaba
Na análise pós-jogo, o próprio Antônio Lopes reconheceu que sua equipe simplesmente não atuou nos primeiros 30 minutos. O time “alugou” o setor de meio-de-campo ao Beltrão, que soube aproveitar bem a chance e mostrou muita evolução entre aquele time facilmente goleado pelo Atlético na segunda rodada da primeira fase para aquele que foi vencido na noite de ontem no Couto Pereira.
Mas a melhor qualidade técnica do Alviverde prevaleceu, e o time pôde comemorar a liderança isolada de seu grupo, após uma bela atuação de Capixaba, que comandou a meia-cancha alviverde na reação do segundo tempo.
“A entrada do Capixaba foi fundamental para que o time melhorasse na etapa final. Ele organizou o meio-campo e abriu espaço para os laterais”, elogiou o comandante Lopes.
No confronto contra o Londrina porém, a equipe perde um de seus mais regulares jogadores. Reginaldo Nascimento recebeu o terceiro cartão amarelo, e não viaja para o jogo do próximo fim de semana no Café.
Em relação ao confronto pela Libertadores, Lopes acredita ser possível reverter a situação. Último colocado no Grupo 9, com apenas um ponto, a equipe precisa vencer os três confrontos para se classificar à próxima fase, sem depender de outros resultados. O confronto, a princípio, está marcado para as 19h30 de quarta-feira. Mas a Conmebol ainda não confirmou a informação.
