Belos gols, disputa acirrada, casa cheia e lances polêmicos. Coritiba e Paraná ofereceram às 30 mil pessoas que lotaram o Couto Pereira, todos os ingredientes de um grande clássico. Melhor pro Coxa, que teve ligeiro domínio e garantiu, em lances de bola parada, a vitória por 2 a 1, resultado que o deixa em 8.º no Brasileiro. O Tricolor caiu uma posição e ficou em 14.º.
Embora fosse faltoso, como a maioria dos clássicos, o Paratiba de ontem teve vários lances de perigo e boas jogadas de ambos os lados. As emoções fortes começaram logo. Aos 18 minutos, Tiago cobrou pênalti de Marcos sobre Jackson e abriu o placar pro Coxa. A comemoração alviverde durou só três minutos – Neto, numa bela cobrança de falta, empatou.
A partir dos 25 minutos, o Coxa passou a pressionar, mantendo a posse de bola e explorando o lado direito do ataque. Por ali, Jackson, improvisado como ala, tinha ótima atuação, e infernizava a confusa zaga paranista. Mas o gol saiu em outra cobrança de falta: Marquinhos, que pouco antes efetuou um tiro por cima, deixou para Ricardinho, que colocou no ângulo de Flávio.
Logo no começo do segundo tempo, Lori Sandri trocou um zagueiro (Marcos) por um meia (Chiquinho). O jogo ficou ainda mais aberto, e o Paraná, aos poucos, equilibrou o jogo. Mas o espaço deixado na retaguarda permitiu ao Coxa levar muito perigo nos contragolpes – aí apareceu Alexandre, que com seus dribles e velocidade, transformou-se no melhor jogador em campo.
As duas equipes alternavam boas chances de gol, e cada uma reclamou de um pênalti não assinalado pelo confuso Carlos Jack Magno, que errou também em outros lances. No fim, o Coxa segurou a vantagem e manteve o tabu de nove anos sem perder em casa para o rival.
Arbitragem não agradou ninguém
Mesmo vencendo o clássico, o Coritiba também reclamou muito da arbitragem de Carlos Jack Rodrigues Magno. Um pênalti não marcado sobre Alexandre e o gol de Tiago, anulado por impedimento, revoltaram atletas, comissão técnica e dirigentes do Coxa.
As críticas mais fortes foram do presidente Giovani Gionédis. ?O Magno é um ladrão e roubou de nós escancaradamente?, esbravejou o cartola coxa-branca após a partida. Alexandre, o principal jogador alviverde na noite de ontem, também estava insatisfeito com a atuação do árbitro. ?O juiz não deu um pênalti claro sobre mim. Dominei na entrada da área e fui atingido na canela, mas ele não marcou nada.? O técnico Cuca foi outro que reprovou o desempenho do trio de arbitragem. ?Lances cruciais foram errados a favor do Paraná?, afirmou.
Magno não se intimidou com os ataques e fez questão de responder. ?Errei? Estou aí para isso. Até para ser julgado pela imprensa e pelo torcedor. Estou com a consciência tranqüila, pois não vim com a intenção de prejudicar ninguém?, disse o juiz. ?Tem pessoas que estão me chamando de ladrão e que têm um monte de processos nas costas e têm que correr atrás?, retrucou, visivelmente emocionado.
Mas, além da choradeira em relação à arbitragem, todos foram unânimes em destacar a boa atuação coxa-branca no clássico. ?Treinamos bem ao longo da semana e conseguimos repetir a mesma aplicação em campo?, analisou Jackson.
Cuca também destacou a determinação dos jogadores alviverdes. ?Foi um grande jogo, com as duas equipes buscando o gol. Dominamos grande parte da partida, mas infelizmente não conseguimos finalizar mais. Enfrentamos um adversário muito forte, que sempre cresce em clássicos. O Paraná também está de parabéns?, disse.
Para Alexandre, o Cori está no caminho certo. ?Temos conseguido jogar bem e agora é a hora de embalar no campeonato, com uma seqüência de vitórias?.
Olha o homem de preto aí. De novo
A arbitragem de Carlos Jack Magno foi o principal tema no vestiário tricolor. Dirigentes e o técnico Lori Sandri atribuíram ao juiz a derrota no clássico.
O vice-presidente José Domingos reclamou que todos os lances duvidosos eram marcados contra o Paraná. Já o treinador enxergou ?sacanagem? na atuação de Magno. ?Estou há 28 anos no futebol e sei quem é quem. Magno está enganando há muitos anos. No futebol paranaense, sempre se favorece o lado que conta com mais poder?, atacou, reclamando de um pênalti não marcado sobre Wellington Paulista, de faltas marcadas para ?segurar? o jogo, do pouco tempo de acréscimo e do excesso de cartões amarelos contra os paranistas.
Sobre o time, Lori valorizou a evolução no segundo tempo. Para ele, o Coxa levou vantagem no meio-campo durante a primeira etapa. ?Depois das mudanças, o time ficou mais exposto, mas cresceu. Tínhamos tudo para empatar?, avaliou o treinador, que justificou a saída de Borges afirmando que o atacante estava bem marcado. Parte da torcida tricolor chamou o treinador de ?burro? quando o artilheiro do time foi substituído por Wellington Paulista.
Contra o Atlético-MG, sábado, no Pinheirão, o Paraná não terá o volante Beto e o atacante Borges, que ontem levaram o terceiro cartão amarelo.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Coritiba 2×1 Paraná Clube
Gols: Tiago (18-1º), Neto (21-1º) e Ricardinho (36-1º)
Cartões amarelos: Vágner, Capixaba, Marquinhos e Tiago (C), Marcos, Beto, Borges, André Dias e Maicosuel (P)
Público pagante: 30.438
Público total: 31.751
Renda: R$ 101.890,00
Local: Couto Pereira
Árbitro: Carlos Jack Rodrigues Magno
Assistentes: Gílson Bento Coutinho e José Carlos Dias Passos
Coritiba
Vizzotto; Miranda, Flávio e Vágner; Jackson, Márcio Egídio, Luís Carlos Capixaba, Marquinhos (Rodrigo Batata) e Ricardinho; Tiago (Marciano) e Alexandre (Reginaldo Nascimento). Técnico: Cuca
Paraná
Flávio; Daniel Marques, Marcos (Chiquinho) e Aderaldo; Neto, Rafael Mussamba, Beto, Thiago Neves (Maicosuel) e Vicente; Borges (Wellington Paulista) e André Dias. Técnico: Lori Sandri